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Tuesday, May 17, 2005

Ora, o que é santidade?

Sou um profundo admirador do Rev Caio Fábio. Nao somente na área bíblica mas tambem na área humana comportamental. Leio muito o seu site e já postei muitas vezes em meu flog alguns de seus textos. O que vou fazer agora é postar um texto que fala sobre o que realmente é santidade. Este texto é um pouco longo, mas vale muito a pena uma leitura completa.

Rodrigo Serrao
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Ora, o que é santidade?
Primeiro quero que você saiba que santidade acontece como algo exatamente igual ao princípio da justificação pela fé. Paulo diz que em Cristo nós não apenas recebemos a justiça-justificadora de Deus, mas também a santidade e a sabedoria (Tiago diz que a sabedoria vem da fé). Ou seja: pela fé em Cristo eu sou-estou tão salvo quanto sou também santo. E, isto, meu amigo, é o que é santidade para Deus. Para Deus ser santo é estar sob a Graça Justificadora, em plena certeza de fé, e descansando completamente na obra da Cruz.

Um exemplo do que lhe digo é a introdução da carta de Paulo aos Coríntios. Eles são tratados como “santos”, mas o fluir da carta mostra que eles eram “apenas” santos em Cristo, posto que não haviam ainda caminhado na vereda da pacificação do ser, na Graça. Essa era a razão de viverem em disputas, ciúmes, invejas, facções e perversões, até de natureza sexual, como foi o caso do homem que possuiu a mulher do próprio pai. No entanto, esses doentes na história e na existência, eram (são) santos em razão de que a Graça realizou em Cristo a santidade que eles ainda não haviam se apropriado como bem pessoal nesta existência.

Meu irmão, o santo é o pecador que não tem justiça própria e que confia sem reservas no que Jesus fez em seu favor!

Paradoxalmente, o caminho da santidade é um caminho de esvaziamento da justiça própria, de tal modo, que o verdadeiro santo nem se preocupa com santidade.

Quanto mais alguém se preocupar com santidade, menos santo será.

O verdadeiro santo crê que Jesus se santificou por ele, conforme Jesus disse: “Eu mesmo me santifico por vós”.

A desgraça toda é que no cristianismo a santidade virou um concurso de mortificações neuróticas, e de busca de amestramento da alma aos padrões da moral religiosa; ou seja: da Lei.

Ora, assim como sob a Lei ninguém é justificado, do mesmo modo, sob a Lei, ninguém é santificado.

A Lei exacerba as culpas e neurotiza o ser!

O verdadeiro santo se sabe não-santo. E não se angustia com o fato de sua imperfeição histórica, visto que ele sabe que a vida na Terra é um processo, e que ele ainda não alcançou, em si mesmo, tudo aquilo que ele já sabe que em Cristo é seu.

Assim, esquecendo das coisas que para trás ficam...ele prossegue para o alvo. No entanto, enquanto confessa a sua imperfeição, ele mesmo, conforme Paulo escrevendo aos Filipenses, diz que “já é perfeito”; embora também diga: “Não que eu tenha já alcançado a perfeição...”.

Paradoxo!

Insisto o tempo todo nisto: quem não entende o paradoxo de que tudo já está feito e consumado para Deus e em Deus, embora ainda não esteja plenificado no homem, não terá descanso e nem paz, jamais.

Estranhamente, porém coerentemente com a verdade do Evangelho, o indivíduo só começa, espiritualmente, a ser qualquer coisa, justamente quando morre para a pretensão de ser aquela coisa.

Para ser santo o cara tem que morrer para a pretensão da santidade!

Ora, isto faz também total sentido psicológico, posto que enquanto a pessoa luta contra suas pulsões, mais elas crescem; e quando ela as trata sem os rigores neuróticos da moral, então, ela começa a se ver livre de seu mal.

E tem mais: uma mente nervosa e angustiada pela neurose da santidade ou da culpa, não consegue tirar proveito espiritual de nada. De fato, para tal pessoa não há benefícios a serem usufruídos, posto que ela não crê no Evangelho.

Isto porque, meu amigo amado, o Evangelho não é apenas uma história. O Evangelho é o benefício da história. É Boa Nova. Não uma Nova Desgraçada.

Muita gente diz que crê no Evangelho apenas porque acredita nas histórias do Evangelho, e porque acredita que Jesus é o salvador de todos os homens. Todavia, isto é apenas, ainda, algo para se acreditar, pois é apenas a certeza de que um certo evento histórico aconteceu. Ora, isto está longe, muito longe de ser tudo.

Ora, tais pessoas crêem na Crucificação, mas não crêem na Cruz. Crêem na Ressurreição como fato histórico (Orgulhosos, dizem: A tumba está vazia!), mas não crêem no benefício da Ressurreição, posto que não dizem: Estou absolutamente justificado!

Conhecer a Jesus segundo a carne é acreditar apenas nas ocorrências do Evangelho, visto que são inegáveis. No entanto, conhecer a Jesus no espírito, é usufruir o bem realizado por Ele em nosso favor, conforme o Evangelho.

Bem, é aqui que o bicho pega!

Isto porque para se usufruir tais benefícios, o sujeito tem que desistir de agradar a Deus por conta própria.

É muita pretensão acreditar que eu tenho o poder de me santificar para Deus a fim de agrada-Lo!

Todo verdadeiro desejo de “lhe ser agradáveis”, conforme Paulo, acontece no sentido oposto à compreensão dessa tal santidade neurótica e presunçosa.

Nós entendemos que para ser agradáveis a Deus nós temos que satisfazer a Deus com nossa perfeição. Para Paulo, Deus só é agradado em Cristo, e para agradá-Lo, tem-se que abandonar todas as nossas justiças próprias e mergulhar na paz que vem da fé, de modo completamente vagabundo, a fim de receber a misericórdia.

Paulo chega mesmo a exagerar a parábola dos “Trabalhadores da Última Hora”, aqueles que chegaram no fim e ganharam o mesmo que os que haviam trabalhado o dia todo. Paulo vai além. Para ele (Romanos Quatro), a situação ainda era mais escandalosa. Era como o cara que não trabalhou, mas, assim mesmo, com santa cara de pau fundada na fé na Graça de Deus e na justiça de Cristo, apresenta-se a fim de receber o Salário da Vida.

(Caio Fábio)

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