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Thursday, September 30, 2010

Tuesday, September 21, 2010

O Mistério da Unidade


Série: O Mistério da Igreja
Sermão: Efésios 3:1-13
Pregador: Pr. Rodrigo Serrão

Introdução:
O SER HUMANO É CURIOSO
O ser - humano é curioso por natureza.  Se não fosse, nós nunca teríamos ido às profundezas do oceano ou teríamos pisado na lua.  Se não fossemos curiosos, não teríamos inventado tantas coisas, das mais simples (uma lança para caçar, por exemplo) a uma máquina para manter o paciente vivo durante uma grande operação.  Quem assistiu ao filme “Mãos Talentosas” viu que o Dr. Ben Carson só pode terminar a operação de separação dos irmãos siameses quando uma máquina parou o coração das crianças e depois a mesma máquina tornou a fazer os corações baterem novamente.  Olhe ao seu redor e veja tudo o que o homem criou.  Só não se esqueçam de onde vem toda essa capacidade criativa do homem.

COISAS MISTERIOSAS AGUÇAM A NOSSA CURIOSIDADE
Por sermos curiosos, os mistérios da vida atraem muito a nossa atenção.  Programas de TV que exibem o oculto e o incompreensível têm grandes índices de audiência pelo simples fato deles mostrarem coisas que para os homens ainda não tem uma resposta definida.  Mistérios atraem a nossa atenção e muitas religiões se aproveitam desta nossa característica para ganhar adeptos. 
Ocultismo, espiritismo, entre outras religiões ganham muitos adeptos quando estas falam às pessoas que elas precisam desenvolver seus dons mediúnicos.  Com isso, elas armam uma arapuca e prendem aqueles mais desavisados, simplesmente por acentuar nesta pessoa sua curiosidade e sede do desconhecido.

A BÍBLIA TAMBÉM FALA DE MISTÉRIOS
A Bíblia também fala de mistérios.  Contudo, diferente de ser algo obscuro ou enigmático como é o sentido da palavra mistério nos dias de hoje, para os escritores bíblicos, a palavra mistério é como um segredo que ainda seria contado.  À medida que o tempo passava Deus ia revelando os mistérios acerca dEle e de Sua obra ao povo. 
Existem, contudo, mistérios que nunca serão revelados.  Estes estão na categoria de Deuteronômio 29:29 “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertecem...
Ou seja, existem coisas que nunca soubemos antes, não sabemos hoje, e nunca saberemos, pois só a Deus pertence.  
Outras coisas, porém, Deus nos revelou há muito tempo atrás na época dos profetas.   Por exemplo, a Abraão, Deus revelou que o Seu povo seria incontável, tão numeroso quanto às estrelas do céu e o pó da terra.  A Moisés, Deus revelou que chegaria um tempo que Ele enviaria para a terra o Messias. 
Contudo, existia um mistério que antes de ser totalmente revelado, Deus foi por toda a Bíblia, dando dicas acerca de seu acontecimento.  Eu estou falando do grande mistério da união de todos os povos em Cristo. 
A própria revelação de Deus a Abraão já era uma pista do que viria mais na frente com Jesus.
Ao profeta Isaías, Deus revelou que os gentios também eram dEle quando Ele diz “Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.” (Is 19:25).
Em Gênesis 14, vemos um Rei que era servo do Deus altíssimo antes mesmo de existir povo Judeu, nação de Israel, ou qualquer coisa do tipo.  Ou seja, Deus já estava mostrando que Ele tinha os gentios em mente desde o início. 
Quando chegamos ao Novo Testamento, vemos este mistério sendo revelado aos apóstolos, em especial a Pedro e finalmente ao apóstolo Paulo.
No caso de Pedro a revelação veio através de uma visão. Em Atos 10:9-16, Deus mostra a Pedro um lençol que era baixado a terra pelas quatro pontas e neste lençol estava vários tipos de animais considerados impuros pelos Judeus.  Deus manda Pedro matar e comer os animais.  Ele, contudo como um bom Judeu não aceitou fazer isto.  Deus então falou, “Ao que Deus purificou não consideres comum.” 
Isto foi uma revelação dada a Pedro, lá na frente Pedro diz, “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável.” (Atos 10:34-35)
A revelação de Deus deste mistério, contudo, se completa no ministério de Paulo.

PAULO CONTUDO É QUEM REVELA O MISTÉRIO ANTES ESCONDIDO
Quando chegamos ao capítulo 3 de Efésios, vemos a revelação de Deus a Paulo sendo levada a toda igreja. 
O capítulo 3 inicia com Paulo recebendo de Deus esta revelação.  Alguns comentaristas dizem que Paulo não iria falar sobre o mistério de Deus aqui, mas sim orar pelos Efésios.  Contudo, a oração só começa no versículo 14, pois do versículo 2 até o 12 Paulo abre um grande parêntesis, onde ele entrega a revelação que Deus o havia dado no cárcere doméstico em Roma.
Paulo está preso por causa da pregação do evangelho (sob a autoridade do imperador Nero).  Contudo ele se considera prisioneiro de Cristo e não de Roma.  Mostrando com isso que Deus tinha o controle de sua vida e não governo algum.  
E é neste momento que Paulo vai falar do mistério de Deus.  Vai falar do estabelecimento da comunicação divina para levar ao conhecimento da igreja o fato de que diante de Deus todos são iguais.  Diante de Deus já não havia mais Judeu ou Gentio, todos eram UM EM CRISTO. 
Isaías falou por cima, Jesus chegou a dizer a um gentio que não havia visto fé como a dele nem mesmo em Israel, Pedro teve a revelação do lençol com os animais que prefiguravam a entrada dos gentios de uma vez na igreja, contudo, é Paulo que diz que Judeus e Gentios eram um em Cristo. 
É importante entendermos esta unidade, pois é nela que está a base para o evangelho de Cristo.  A igreja diferente da antiga aliança não tem mais distinção entre outros povos como Israel tinha. 
Em outra ocasião Paulo diz, “Não existe judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gal. 3:28)
E o que isto implica verdadeiramente para a vida da igreja e para a nossa vida? 

1. Unidade é central à mensagem do Evangelho (v6)
A mensagem de Cristo é uma mensagem de unidade.  Em João 17 Jesus ora ao Pai dizendo, “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um” 
Somos chamados para sermos um com o nosso irmão.  O corpo que não esteja em UM pedaço não pode estar vivo.  Você já viu um corpo onde a mão está separada do braço e as pernas divididas em três partes.  Você já viu os dedinhos do pé nas mãos porque os das mãos estão separados?
Um corpo onde os membros não estão unidos não é um corpo vivo e sim morto. Contudo, o corpo de Cristo é vivo e por isso precisa de unidade. 
Esta mensagem de unidade hoje com certeza não tem o mesmo impacto que teve na época da igreja primitiva.  Foi exatamente esta mensagem que levou Paulo à prisão. Ele andava por todos os lados dizendo que os Judeus e os Gentios eram um em Cristo e isto lhe custou sua liberdade.
Você sabe qual o impacto desta mensagem de unidade para os Judeus naquela época? O mesmo que dizer que todos os leprosos terminais teriam os mesmos direitos que vocês aqui.  Eles virão aqui e compartilharão tudo conosco.  Irão às nossas casas e serão nossos hóspedes.  Eles usarão nossos banheiros e nos abraçarão e estarão juntos conosco todo o tempo. 
Este impacto que alguns de vocês tiveram foi provavelmente o que os Judeus tiveram.  Nada contra os leprosos, apenas quero mostrar aqui a forma como os Judeus viam os Gentios.  Para os Judeus, os Gentios eram uma sub-raça, eram inferiores.  Eles viam os outros povos sempre como inferiores a eles. 
Os Judeus já sabiam que um dia Deus iria salvar os Gentios, agora, ser um com eles era outra coisa.  Para os Judeus a salvação dos Gentios não implicaria unidade, mas sim, controle e tolerância.  Ou seja, para os Judeus aqueles que se convertessem a Cristo seria tolerado na comunidade, contudo sempre debaixo da liderança deles. 
Porque Paulo repreende a Pedro no livro de Gálatas? Porque havia dentro da comunidade Cristã do primeiro século divisões profundas entre os Judeus e Gentios. 
Paulo em Gálatas 2 diz,  “Quando porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face-a-face (algumas versão dizem “confrontei-o”) porque se tornara repreensível.  Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão.”
Não é a toa que o livro de Gálatas foi escrito.  Para mostrar que os Judeus eram iguais aos Gentios e não superiores.  Os Judeus não poderiam impor costumes sobre os Gentios, os Cristãos judaizantes queriam que os Cristãos Gentios cumprissem rituais judáicos, queriam que fossem circuncidados, entre outras coisas.  Eles não aceitavam ser iguais, mas queriam ser superiores.  Contudo em Cristo já não existia mais Judeu ou Gentio, mas todos eram UM em Cristo. 
O mistério da unidade em Cristo é algo lindo e que precisa ser vivido pela igreja de forma mais ampla em nossos dias. 
Quando olhamos para os tempos de Paulo e a sua luta para mostrar aos Judeus e Gentios que agora eles eram um único povo em Cristo e olhamos para o nosso tempo hoje, vemos que ainda temos muito que mudar.
Sem unidade não podemos clamar que somos de Cristo.  A oração de Jesus a Deus em João 17 dizia justamente que ele orava pela unidade da igreja por causa da unidade da Trindade.  Assim como Deus Pai, Filho e Espírito Santo são um a igreja precisa ser UMA. 
Contudo, é importante dizer que UNIDADE NÃO É UNIFORMIDADE.  Você já viu os uniformes escolares?  O que eles têm em comum? São todos iguais.  E os uniformes dos militares em uma marcha?  Iguais em todos os sentidos.
Quando Paulo fala da UNIDADE da igreja, ele está falando que precisamos ser todos unidos em Cristo.  O contrário de UNIDADE é DESUNIÃO, já o contrário de UNIFORMIDADE é DIFERENÇA
Não tem problemas se somos diferentes. 
·         Não tem problema se eu gosto de Rock e você de Forró.   
·         Não tem problema se eu gosto de roupas leves e você ora para me ver aqui de paletó e gravata.
·         Não tem problema se eu sou Fluminense e você é Flamenguista
·         Não tem problema se eu sou Calvinista e você é Arminiano
·         Não tem problema se eu sou negro e você é branco
·         Não tem problema se eu sou pobre e você é rico

Contudo, o problema existe quando somos desunidos por conta das nossas diferenças.  Deus não quer um bando de robôs que vivem da mesma forma, e falam do mesmo jeito.  Se Ele quisesse isso Ele teria feito isto.  Deus quer, contudo, UNIDADE EM MEIO A DIVERSIDADE
Entenda uma coisa, a verdadeira fé em Cristo produz UNIDADE.  Não esqueça que a UNIDADE faz parte da mensagem do evangelho e está no coração do Cristo.
Se nós como igreja falharmos nisto, nos equiparamos aos Judeus que se sentiam melhores e superiores aos Gentios apenas porque eles haviam sido escolhidos primeiro. 
Nós, como igreja, não podemos cair neste mesmo erro e achar que está tudo certo.  A forma como tratamos e recebemos as pessoas mostra como percebemos a questão da unidade da igreja. 
Claro que existem questões doutrinárias que não devem ser ignoradas, contudo, parece que o nosso problema é mais de ordem sócio-econômica do que doutrinária, mas racial do que de falsos ensinos
Tudo o que a igreja vier a fazer precisa refletir unidade, quer no batismo, na Ceia do Senhor, quer nas músicas, quer na comunhão.
Infelizmente o que vemos são igrejas fragmentadas internamente por disputas individuais de poder e influência.  Vemos pessoas que lutam por controle e poder e usam disto para manipular e controlar os demais.  Não vemos o amor que deveria ser passado a todos e a unidade que Cristo e Paulo tanto lutaram acontecendo hoje.
Por isso é fundamental que a igreja de hoje olhe para a Bíblia e busque resgatar este fator essencial do evangelho, a UNIDADE.
E é por pregar esta unidade que Paulo está preso. 
Paulo diz que os gentios não somente são UM com os Judeus, mas também tem todos os direitos deles.
 Veja o que ele diz ainda no versículo 6: 
  • Os gentios são co-herdeiros – ou seja, terão direito à mesma herança;
  • Os gentios são membros do mesmo corpo – ou seja, fazem parte da igreja de Cristo; e
  • Os gentios são co-participantes da promessa de Cristo – ou seja, participam de cada promessa que Deus fez aos Judeus, ou seja, tudo que Deus falou acerca do povo Judeu, serve também aos Gentios.
Agora esta unidade não somente é central a mensagem do evangelho, como também:

2. A unidade só é possível através da pregação do evangelho (v.7-9)
Paulo agora entra na sua missão como pregador do evangelho da unidade.  Para Paulo não haveria como os Judeus e Gentios se tornarem um sem que o evangelho de Jesus fosse pregado.  A pregação de Paulo não era nada mais nada menos do que a pregação do evangelho das insondáveis riquezas de Cristo.  
Paulo era o pregador do mistério da unidade, o pregador das insondáveis riquezas de Cristo.  Porém, tudo isto para Paulo não vinha dele próprio, mas tinha procedência divina.
Perceba que a ênfase de Paulo é toda em Deus:
  • Eu fui constituído ministro.
  • O dom da graça de Deus a mim concedida.
  • A mim, o menor de todos os santos, me foi dada a graça de pregar   
A palavra ministro aqui no texto sagrado é diakonos de onde tiramos a palavra diaconia ou serviço.  Chamamos de diácono todo homem ou mulher chamado para servir a igreja.  E é esta palavra que Paulo usa.
Paulo está dizendo “eu sou um servo apenas. E como servo eu prego o evangelho que a mim foi confiado”.  Ser ministro é ser servo e ser servo é cumprir aquilo que Deus nos pede que façamos. 
Paulo enfatiza a sua pequenez para que Deus seja engrandecido em tudo o que ele estava fazendo.  Ele enfatiza a sua prisão, o seu sofrimento, a sua condição de menor de todos os santos para que tudo que acontecesse através do ministério dele seria apenas por graça e obra de Deus. 
Veja o que está acontecendo aqui.  Paulo esta dizendo que é o menor de todos os santos e foi justamente para ele que Deus entregou a revelação do mistério da unidade.  Paulo apenas se dispôs e pregou.  A mensagem sempre será maior que o mensageiro.  Você não pode esperar ser perfeito ou ser mais santo ou mais crente para pregar a mensagem de unidade em Jesus.
Não há unidade sem a pregação, e não há pregação sem pregadores, e não há pregadores perfeitos. 
Irmãos, a verdadeira unidade de classes, de raças, de povos, de nacionalidades, de castas, de tudo o mais que exista neste mundo só é possível em Cristo Jesus.  E as pessoas só conhecerão a Cristo e a unidade que só existe nele através da pregação do evangelho. 
O exemplo de Paulo é encorajador.  Ele admite sua pequenez, sua incapacidade, suas condições adversas, e usa tudo isto para pregar o evangelho e glorificar a Deus.  Isto não é motivo para se envergonhar, segundo Paulo, mas para mostrar que a mensagem está livre mesmo quando alguém está preso. 
O mundo está dividido.  E quanto mais o tempo passa mais dividido fica.  Somente a igreja tem a mensagem que pode unir o mundo.  Esta união não é utópica, mas real.  Ela não está centrada em uma ideologia, mas em uma pessoa, Jesus.  Cabe a nós levarmos ao máximo de pessoas possíveis.  A salvação é para todos e nós somos os porta-vozes desta salvação.  Não importa em que nível de relacionamento com Cristo você está.  Se você permitir, Cristo te usará grandemente para a glória do nome dEle e para a unidade da igreja.
Não somente lá fora você deve gritar e anunciar a unidade dos povos em Cristo.  Mas também na igreja doente em que vivemos.  Não aceite separação por nenhum fator, nem mesmo os mais polêmicos.  Promova a unidade, promova o amor, promova a paz.  Deixe que Deus julgará a cada um segundo suas obras.  Quanto a nós, somos agentes do amor e unidade que provém de Jesus Cristo. 
E por fim:

3. A unidade verdadeira reflete a sabedoria de Deus para o mundo espiritual (10-12)
Mais uma vez Paulo torna a falar de regiões ou lugares celestiais.  Desta vez, o mundo espiritual ou a habitação celeste é citado como espectadores da igreja.  É responsabilidade da igreja revelar para os anjos a multiforme sabedoria de Deus e com isso os anjos darão glória a Deus. 
Porque Deus quis que Paulo pregasse?  Para que através do mistério da unidade os anjos dessem glória a Deus.  Porque Deus quer que eu e você preguemos o evangelho da unidade? Para que os anjos dêem glória a Deus.
Tudo o que Deus faz tem o propósito de dar glória a Ele mesmo.  A razão de ser da igreja não é somente para salvar pessoas e levá-las a um conhecimento de Cristo.  Isto é conseqüência do trabalho de Deus em nossas vidas.  Isto nos beneficia eternamente.  Contudo a razão da igreja existir é para que os anjos vejam a sabedoria de Deus e glorifiquem a Ele nos céus, pois Ele é digno de glória eternamente, amém!
John Macarthur diz “Os anjos podem ver o poder de Deus na criação. Os anjos podem ver a ira de Deus no Monte Sinai. Os anjos podem ver o amor de Deus no Calvário, mas Deus diz que eles irão ver a Sua sabedoria na igreja.” 
É esse Deus que pega homens diversos, mulheres diversas, livres, escravos, ricos, pobres, brancos, negros e misturam todos e faz deles um só povo, uma só nação, uma nação santa, separada, unida, forte, que ama a Ele e ao próximo.  
É este mistério oculto antigamente que Deus revela a Paulo e que revela a cada geração da igreja.  E é esta igreja que unida demonstra a sabedoria de Deus para anjos e demônios. 
Não se enganem.  O mundo espiritual nos assiste.  E eles sabem quem é e quem não é a igreja do Senhor.  A igreja verdadeira reflete a sabedoria verdadeira do nosso Deus e tudo isto é revertido em glórias para Ele mesmo. 

Conclusão:
Paulo encerra como começou, falando sobre sua prisão e seus sofrimentos.  Contudo, ele exalta seus sofrimentos como sendo motivo de orgulho para aqueles cristãos.  Ele manda eles se orgulharem do que ele estava passando. Todo aquele sofrimento testificava da mensagem do Evangelho.  Se o Evangelho falava que o crente iria padecer sofrimentos, então, Paulo era a indicação viva da verdade do Evangelho.  Contudo, ao invés de se desesperar, amaldiçoar a Deus e viver em depressão, Paulo pensava na igreja, orava pela igreja, ensinava a igreja.  Ele estava preso, mas as revelações de Deus não paravam de vir até ele e dele passar para as igrejas através de cartas. 
E mesmo preso Paulo promovia a unidade da igreja. 
E nós? Será que também somos agentes de unidade? Será que nós somos unidos a nossos irmãos?  Será que escapamos da praga do individualismo ou será que também fomos engolidos por ela?
Que Deus nos ajude.
Oremos.
  

Sempre crescendo em Cristo

Série: O Mistério da Igreja
Sermão: Efésios 1:15-23
Pregador: Pr. Rodrigo Serrão


Introdução
Vimos semana passada a explosão de louvor do apóstolo Paulo ao escrever para os Éfesios acerca do que é a igreja.  Em linhas gerais Paulo mostra que a Trindade inteira participa deste processo (cada qual com a Sua função).  O Pai planeja, o Filho executa, e o Espírito sela.  A partir desta revelação, o louvor de Paulo se torna uma grande oração onde ele vai orar especificamente pela igreja para que esta também possa entender os mistérios de Deus e da igreja.
Irmãos, o que Paulo está mostrando aqui é que existe um mundo para ser explorado em nossa busca a Deus.  O nosso relacionamento com o Senhor não pode se estagnar após a nossa conversão ou então estaremos fadados ao engessamento da religião. 
A nossa relação com ele após a conversão é basicamente como a nossa relação com nossos cônjuges após o casamento.  Antes de casarmos, temos uma idéia de quem será nossa futura esposa ou esposo.  Não conhecemos como eles de fato são.  A verdade é que muitos se casam no auge da paixão onde todos os defeitos são ignorados e relevados.  Quando a paixão diminui e o amor amadurece, os defeitos que sempre estiveram ali vão aparecer como se fosse a primeira vez.  Outros se casam com mais maturidade como eu que casei com 30 anos.  Neste caso, tudo o que veio depois do dia do casamento tem sido uma grande experiência de descoberta que espero nunca cesse.  Há coisas que eu conheço sobre Adriana que eu nunca iria saber se eu não tivesse que viver com ela.  Existem características de Adriana que apenas a convivência, o dia-a-dia me ensinam.  E eu sei que o inverso também é verdadeiro para ela.  Quando ela casou comigo, tenho certeza que ela tinha uma idéia de quem eu era, mas que muito do que faço hoje tem acrescentado à sua primeira noção sobre mim.  Algumas confirmando o que ela desconfiava outras desconfirmando. 
Tenho certeza que ela imaginava que eu era um pouco relaxado com minhas coisas, mas não tanto.  Ou que eu não fosse ajudá-la na cozinha (lavando os pratos) e eu ajudo.  Não somente estas coisas, mas coisas mais profundas também devem ser descobertas e compartilhadas juntos.  Por exemplo, existem traços da personalidade de Adriana que eu não conhecia e que hoje eu conheço e tento me adaptar.   A tal da TPM não nos afeta quando moramos em dois endereços diferentes, mas a partir do momento que dividimos a mesma cama, vocês não têm idéia do que é isso.  Mas é a partir do conhecimento que apenas cresce após meu casamento, eu posso melhorar como marido e ajudar mais minha esposa em momentos de TPM. 
Irmãos, não há nada mais triste que um casamento onde o marido e a mulher apenas se toleram e dividem as contas e compartilham o carro.  Não foi para isto que Deus criou o casamento.  O casamento é para ser uma fonte de vida e de conhecimento mútuo, pois além de trazer benefícios para o casal, o casamento é um reflexo de Deus e Sua igreja. 
Essa idéia do casamento como uma fonte crescente de conhecimento entre o marido e a esposa é uma pintura do que Deus faz com Sua igreja, do que Ele faz com você e comigo.   Assim como o conhecimento mútuo entre um casal recém casado não para no momento da cerimônia de casamento, nosso conhecimento de Deus não pode parar no momento da nossa conversão.  Há muito para se conhecer de Deus e Paulo aqui está orando por três coisas que são de vital importância para a igreja no conhecimento de Seu Deus.

1.      Paulo ora para que conheçamos mais o nosso Deus (vs 15-17)
Vimos a importância da sabedoria do alto para a vida do cristão quando Tiago diz “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês?  Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticas com a humildade que provem da sabedoria” (Tiago 3:13)
Agora, Paulo mais especificamente pede a sabedoria associada à revelação no conhecimento de Deus. 
A igreja precisa conhecer melhor o seu Deus.  A igreja precisa da revelação divina acerca de quem é o Deus a quem ela serve.  Contudo, o que Deus está falando para nós não é algo que devemos buscar apenas para termos um conhecimento técnico de Deus.  Deus não é um ratinho de laboratório ao qual você vai tentar abrir sua barriga e conhecer o que tem dentro dele.  Deus não é um objeto de estudo ainda que muitos queiram conhecê-lo de forma cientifica. 
Não é este conhecimento que Paulo está orando aqui para a igreja em Éfeso.  O que Paulo tem em mente é o que Deus diz através do profeta Oséias “Pois desejo misericórdia, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocausto.”
Holocausto era um sacrifício queimado ao Senhor em pagamento de algum pecado.  Era uma forma de se “consertar” diante de Deus, contudo, o próprio Senhor diz que Ele prefere que os holocaustos cessem e que o povo busque conhecê-Lo. 
Neste mesmo capítulo 6 Oséias diz no versículo 3 “Conheçamos o Senhor, esforcemo-nos por conhecê-lo.  Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra.”
Para que eu e você conheçamos o Senhor como Ele quer ser conhecido é preciso esforço.  Nós não o conheceremos apenas freqüentando cultos nos finais-de-semana. 
Para que eu e você queiramos conhecer o Senhor, em primeiro lugar o Senhor tem que ser importante para nós.  A verdade é que muitos que lotam as igrejas não estão nem aí para o Senhor.  Não querem intimidade com Deus porque sabem o tipo de vida que levam.  Quanto mais religioso for a pessoa mais distante ela vai querer estar de Deus.  Porque a religião apenas impõe uma moralidade externa, mas não demanda relacionamento.  Com isso, o religioso pode aprender todas as regras morais, saber o que dizer e não dizer, comer e não comer, estar e não estar, olhar e não olhar, mas nada disso transforma o seu coração.  Quando ele fizer isto, ele julgará os que não fazem, quando ele não fizer, ele esconderá de todos e julgará ainda mais os que não são como eles. 
Este tipo de conhecimento religioso nos afasta de Deus, pois Deus não quer regras (holocausto), mas intimidade e relacionamento.  
Estou cada vez mais convencidos que não precisamos conhecer ao Senhor para debatermos a nossa fé, ou para argumentar as nossas doutrinas Batistas com os escribas e fariseus da religião, mas precisamos conhecer ao Senhor para sermos de fato dignos de ser chamados filhos de Deus.  Precisamos conhecer a Deus para sermos íntimos do Pai, achegados do Pai, amados do Pai.  Toda esta proximidade vai trazer mudanças radicais em nossas vidas ao ponto de as pessoas notarem sem que precisemos abrir nossa boca.  Iremos nos assemelhar mais a Jesus, iremos andar no Espírito, seremos o sal e a luz não porque estudamos a Palavra apenas, mais porque nos esforçamos para conhecer ao Senhor.  Lutamos para que Ele se revele a nós. 
Contudo a oração de Paulo não termina no conhecimento da pessoa de Deus.  Ele também ora...

2.      Paulo ora para que conheçamos a esperança do nosso chamado (18)
Dois pontos merecem a nossa atenção aqui.  Primeiro, a oração de Paulo tem a ver com a iluminação dos corações, ou seja, a iluminação interior dos homens.  Irmãos, como iremos conhecer o nosso chamado se o nosso ser permanecer em escuridão?  Não é possível.  A obra do Senhor em nossas vidas é de trazer luz onde há trevas.  Sem a iluminação do Espírito em nossos corações, não viveremos à altura do chamado de Deus para nossas vidas. 
Em segundo lugar, a razão da iluminação é justamente para que conheçamos a esperança do nosso chamado e as riquezas de nossa herança. 
Esta linguagem de Paulo de esperança e herança com certeza nos remete ao futuro.  Contudo, o que Paulo quer é que o nosso interior seja iluminado para que possamos ter uma gloriosa visão do futuro. 
A esperança do nosso chamado é que ao cumprirmos ele mais e mais pessoas irão conhecer a Cristo, mais e mais pessoas irão ser salvas, mais e mais pessoas irão encontrar o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores.  Meus irmãos, eu não sei exatamente qual é o chamado de cada um de vocês, mas uma coisa eu posso dizer com certeza é que Deus não nos chamou para virmos aqui todo domingo e talvez outro dia da semana, cantar algumas músicas e depois voltarmos para casa elogiando ou criticando o pregador e depois voltar novamente na semana seguinte e manter um ciclo que se repete por toda a vida e nada, além disto, é feito.
Este não é o nosso chamado.  Não fomos chamados para sermos membros de igreja, mas sim para nos juntarmos ao Senhor na grande aventura cósmica que é Ele se fazendo conhecido para o maior número de pessoas.   Deus está agindo e se revelando às pessoas e o que Ele quer é que eu e você nos juntemos a Ele através do chamado que Ele mesmo nos dá.  Pode ser um chamado específico, pode ser sua profissão, pode ser os dois.  Deus está agindo neste mundo quebrado e nós somos chamados por Ele para sairmos de nossa zona de conforto e nos juntarmos a Ele na grande tarefa de salvação da humanidade.  
E porque precisamos de igreja? A igreja é para nos reunirmos como povo de Deus, adorarmos a Deus em comunidade, orarmos e confessarmos nossos pecados uns aos outros, para recarregarmos nossas baterias espirituais e depois sair e por nosso chamado em ação. 
Uma vez que nossos corações são iluminados, colocamos em prática o nosso chamado e podemos contemplar a gloriosa herança dele para nós.  Você consegue entender isto?  Somos movidos pela esperança e pela herança.  Tudo o que fazemos hoje tem seu combustível na fé, na esperança e no amor.  Paulo, contudo diz que o maior destes é o amor.  E por quê? Porque um dia a esperança e a fé não mais precisarão existir.  Você não precisará da fé para saber que Deus existe, Ele estará lá face-a-face com você.  Você o verá com é visto.  Você não mais precisará de esperança, pois tudo o que você esperava já chegou.  Contudo, você precisará de amor para sempre. 
E o qual será a nossa herança? A nossa herança será ver Jesus face-a-face, a nossa herança será ter o caráter de Jesus, a nossa herança será ter harmonia com todas as pessoas, a nossa herança será uma vida eterna sem dor e tristeza.  Mas acima de tudo a nossa herança é o próprio Deus.  Teremos mais e mais de Deus de uma forma que nossa imaginação não consegue alcançar.   Em 1 Coríntios 2:9 Paulo diz “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam
Paulo não ora apenas para que conheçamos ao Senhor e a esperança de nosso chamado, ele também ora para que...

3.      Paulo ora para que conheçamos o poder de Deus em nossas vidas e em Cristo (19-23)
Para Paulo, tudo o que ele falou até agora precisa de um elemento vindo da parte de Deus para nos assegurar que cumpramos o nosso chamado e que herdemos a nossa herança.  Este elemento é o poder de Deus. 
Neste contexto ao qual o apóstolo escreve, falar de poder é desafiar a deusa dos efésios Diana.  Segundo um dos comentários que eu li Diana “era tida como a deusa dos poderes celestiais, dos poderes do zodíaco, e dos deuses do submundo caído.” Ou seja, exaltar o poder de Deus era ao mesmo tempo diminuir o poder de Diana.    
Por isso, Paulo primeiro descreve o poder de Deus como incomparável.  Não tinham como comparar o poder de Deus com nenhuma outra entidade.  E era este poder que estava à disposição da igreja do Senhor.  Não estava à disposição para os adoradores de Diana, mas apenas para os adoradores de Jesus Cristo. 
Paulo define o poder de Deus aqui com as expressões “incomparável grandeza de poder” e “poderosa força.” É este poder que está disponível para nós.  Este poder que Paulo diz que foi capaz de ressuscitar a Cristo dentre os mortos.  Este poder que colocou a Cristo sentado à direita de Deus Pai.
Este poder está disponível, este poder que um dia ressuscitou a Cristo irá nos ressuscitar como está escrito em 1 Coríntios 6:14 “Por seu poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará.” 
O salmos 110:1 diz, “O Senhor disse ao meu Senhor, “Senta-te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés.”
Portanto, o poder de Deus em Jesus ressuscitando-o dos mortos e exaltando-o sobre todo domínio e poder mostra que Deus em Cristo venceu a morte e mal. Com a Sua incomparável grandeza de poder e sua poderosa força, Deus em Cristo venceu a morte e o mal.
Claro que tudo isto é um prelúdio que irá acontecer em uma escala global no fim dos tempos, contudo, hoje temos a certeza que o maior poder do universo, capaz de vencer a morte e mal está à nossa disposição. 
O poder de Deus colocou Jesus acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir. 
O poder de Deus também colocou todas as coisas debaixo dos seus pés.  Ou seja, Jesus tem domínio sobre todas as coisas, tanto no céu quanto na terra. 
É este poder que está a nossa disposição.  O poder que venceu a morte e que venceu o mal. 
E a minha pergunta é: Você tem usado deste poder?  Ou melhor, você acredita que exista este poder e que está disponível para nós?
Você sabe qual é muitas vezes o nosso problema?  É que vivemos como se não precisássemos do poder de Deus.  Buscamos ser auto-suficientes e fazer as coisas do nosso jeito.  Ou então, vivemos sem fazer uso deste poder porque de fato não estamos interessados nas coisas do Senhor em nossas vidas.  Queremos ver sim o poder de Deus manifesto para curar uma doença de algum familiar, mas dificilmente vamos orar pelos doentes nos hospitais.  Queremos sim ver o poder de Deus salvar algum parente, mas dificilmente testemunhamos de Cristo a um amigo.  Ou pior, para alguns, Jesus e igreja é um assunto para o domingo de manhã e domingo à noite e nada mais além disto.  E quando se vive assim, não se faz uso deste poder, pois não há risco não há ousadia para testemunhar do evangelho. 
Cristo está vivo e está exaltado sobre todas as coisas pelo poder de Deus.  Este poder está disponível para nós.  Que acordemos para esta realidade e façamos uso deste poder em nossas vidas para a glória de Deus.

Conclusão
Essa foi a oração de Paulo, que a igreja não cesse em buscar a Deus e conhecê-lo mais e mais.  Que a igreja conheça o seu chamado.  Que ela saiba que não foi chamada para esquentar banco, mas para ser testemunha viva de um Deus vivo. E que a igreja conheça o poder disponível a ela para viver o seu chamado plenamente.  Este poder é tão real quanto a ressurreição de Cristo e a Sua exaltação sobre todas as coisas.  Assim como Deus não criou o casamento para estagnar depois da sua celebração, Ele também não criou a igreja para estagnar após a conversão de Seu povo.  Devemos continuar em um processo crescente de busca, intimidade, relacionamento, e experiências constantes com o Pai, o Filho, e o Espírito Santo de Deus.
Oremos. 

O que é a igreja?


Série: O Mistério da Igreja
Sermão: Efésios 1:1-14
Pregador: Pr. Rodrigo Serrão


Introdução
Tente responder para si mesmo esta pergunta, o que é a igreja?
Eu separei as três respostas mais comuns para esta pergunta.

Igreja Prédio
Para a maioria esmagadora, igreja é um prédio onde pessoas se reúnem algumas vezes por semana para lá buscarem a presença de Deus.  Portanto, para estes a igreja se torna um espaço físico que se localiza em uma determinada rua ou avenida e que existirá ali pelo tempo em que aquele prédio existir.  Se aquele prédio deixar de ser igreja e passar a ser uma boate ou um restaurante, aquela igreja acabou.  Mesmo que alguns membros consigam outro endereço para se juntarem nos fins-de-semana, o novo prédio será uma nova igreja e não a antiga igreja. 
  Igreja Instituição
Outro grande grupo vê a igreja como uma instituição criada pelo próprio Deus.  Ali, os homens buscam a Deus e tem suas experiências com o divino.  Por ser instituição, ela precisa se manter e propagar sua missão.  Neste ponto, elas são divididas em denominações que se diferem em termos doutrinários uma das outras.  Neste caso, se uma igreja prédio fecha as portas, ela não se extingue por que como existem outras desta mesma denominação, ela é multi-localizada. 
Igreja Pessoa
Alguns vêem a igreja como sendo as pessoas que freqüentam os prédios e as denominações ao qual são chamadas de igreja.  A igreja pessoa não faz divisão de lugar mais santo ou menos santo, pois para eles qualquer lugar será santo se Deus se manifestar nele.
Qual dos três você acha que está mais perto do conceito do que é igreja vista pela ótica de Deus?
Igreja prédio, igreja instituição ou igreja pessoa?

Entramos hoje em uma nova série de mensagens intitulado “O Mistério da Igreja,” baseado na carta de Paulo aos Éfesios.   
Efésios foi uma carta escrita por Paulo por volta do ano 62 quando ele estava em prisão domiciliar na cidade de Roma. 
Éfeso foi uma importante cidade da província Romana da Ásia Menor.  Esta cidade era muito importante (estava entre as 5 maiores cidades do império durante o século I) e se gabava de ter uma das sete maravilhas do mundo antigo, o templo da deusa Diana.  Por conta deste grandioso templo, esta cidade era muito religiosa e muitos faziam da religião pagã uma forma de comércio.  Tanto que em Atos 19 a partir do versículo 21 Lucas nos diz de uma grande rebelião causada em Éfeso por causa da pregação de Paulo e da indignação daqueles que estavam com medo de perderem negócios por que muitos estavam se convertendo a Jesus. 
Por tudo isto, aqueles que se convertiam a Cristo nesta cidade se tornavam bastante firmes doutrinariamente, pois, eles precisavam combater as heresias que os rodavam de perto.  Em Apocalipse, vemos Jesus elogiando esta igreja por sua fidelidade doutrinária, mas os repreendendo pela perda do amor.  Infelizmente, os Efésios não souberam balancear doutrina e amor. 
E é neste contexto que Paulo escreve para um povo vibrante em sua fé em Cristo falando do grande tema: a união da igreja em Cristo.  E por isso o titulo da série “O Mistério da Igreja.”
Por isso, a carta é dividida quase que na metade falando sobre o que Deus fez pela igreja em um aspecto cósmico (capítulos 1-3) e a partir do capítulo 4 até o fim, o texto entra na aplicação prática de tudo o que Paulo expôs.    
Agora voltando para a pergunta do início, o que é Igreja?
Proposição
Na perspectiva de Deus a igreja verdadeira, é todo aquele escolhido por Deus, redimido por Jesus Cristo, e selado pelo Espírito Santo.
E como eu sei que a igreja verdadeira precisa passar por todas as pessoas da Trindade?
Leiamos Efésios 1:1-14


I. A verdadeira igreja é planejada pelo Pai (vs. 1-6)
Quando Deus criou o mundo e criou o homem e a mulher, Ele não fez isto para ocupar Seu tempo, ou porque estava se sentido só.  A verdade é que a Trindade é uma comunidade perfeita e unida e que não necessita de nada ou ninguém.  Deus se satisfaz nEle mesmo.  A razão que Deus criou o homem e a mulher foi apenas amor.  Por amor Ele criou o mundo e tudo o que nele há.  E neste processo de criação Deus já sabia de tudo o que iria acontecer com Suas criaturas.  Deus não foi pego de surpresa quando o homem e a mulher pecaram.  Ele já tinha um plano eterno para redimir a humanidade.  E este plano para redimir passava e passa necessariamente pela a igreja.  Deus planejou a igreja, arquitetou, ele a criou e pôs o plano em prática.  Neste processo de planejamento e criação da igreja, Deus decidiu soberanamente fazer três coisas.


1. Ele decidiu nos abençoar (1-3)
O apostolo Paulo após se apresentar e endereçar a sua carta à igreja em Éfeso, ele nos diz que Deus nos abençoa.  É interessante notar como a palavra bênção é usada de formas diferente nestes versículos.  Primeiro Paulo bendiz a Deus (ou seja, ele abençoa Deus) por abençoar-nos.  Ou seja, bendizemos ou abençoamos a Deus por ele fazer o mesmo por nós, agora, contudo espiritualmente.  
Quando Paulo percebe que Deus nos abençoa com bênçãos espirituais ele não segura em seu coração a gratidão e explode em louvor a Deus, bendizendo o Seu nome.  É justamente quando Paulo está expressando o seu louvor a Deus que ele recebe de Deus a inspiração da revelação acerca do mistério da igreja. 
E parte deste mistério é que Deus Pai nos abençoa espiritualmente.  Não que não haja bênçãos materiais, não que não haja bênçãos de outras naturezas, mas uma coisa que marca a igreja de Cristo no mundo não é o que é feito no âmbito físico, mas principalmente no âmbito espiritual.  Se eu e vocês somos de fato discípulos de Cristo, somos pessoas abençoadas por Deus espiritualmente. 
É importante que entendamos esta benção de Deus, pois ela nos diz exatamente a natureza da nossa benção principal como igreja.
No Antigo Testamento, Deus usava mais as bênçãos materiais do que as espirituais para mostrar de fato que as pessoas eram abençoadas.  Tome por exemplo o caso de Deuteronômio 28:1-14 onde a maioria das bênçãos era ter muitos filhos, boa colheita, abundancia de gado e ovelhas, entre outras coisas. 
O problema é que quando as igrejas Neo-Pentecostais querem falar de como Deus abençoa sua igreja, eles não se utilizam de Efésios 1, mas sim de Deuteronômio 28.  Estas igrejas preferem usar dos textos da velha aliança do que da nova apenas por motivos de arrancar coisas materiais das pessoas.  Dificilmente você encontrará igrejas que pregam a teologia da prosperidade usar textos da nova aliança em suas mensagens.  E quando usam, eles ou distorcem ou acrescentam. 
Outro aspecto importante é saber que a benção de Deus é nas regiões celestiais (mundo espiritual) e que é em Cristo.  É importante a igreja saber que este mundo não é a única realidade que existe.  Existe um lugar onde Deus já é plenamente adorado e exaltado e onde os crentes participam desta adoração.  É neste lugar que não se pode ver com olhos humanos físicos, que recebemos as maiores bênçãos do Senhor.
Estas bênçãos são espirituais em regiões espirituais em Cristo.  Em Cristo é algo importantíssimo principalmente nesta carta onde Paulo faz questão de mostrar aos crentes de Éfeso que a igreja só é o que é por causa de Cristo e tudo o mais que temos ou recebemos se for nEle.  Por isso que tudo da igreja é voltada para Cristo pois sendo Ele o cabeça da igreja, quem não estiver ligado a Ele, não participa de nenhuma promessa de benção e de vida eterna, mas apenas de condenação e separação eterna.
Portanto no plano de Deus para a igreja existe benção para todos que estão em Cristo, bênçãos estas que não se limitam a este ambiente físico em que vivemos, mas que fazem parte do mundo espiritual.
Deus não somente decidiu abençoar a igreja, como também escolher aqueles que seriam alvo desta bênção. 
O versículo quatro nos diz que quando Deus estava planejando a igreja ele escolheu aqueles a quem exercer graça. 


2. Ele decidiu nos escolher (4)
Não podemos fechar os olhos para os tantos versículos da Bíblia que fala sobre eleição.  Muitas pessoas não querem pregar sobre este assunto porque acham que isto traz divisão.  A verdade é que muitos não falam por não saber ou não entender direito esta doutrina.  A doutrina da eleição é uma das doutrinas mais lindas da Bíblia e fala acerca de um Deus que ama ao ponto de exercer graça a um povo condenado a perecer.  Quando Deus elege alguém, Ele não apenas toma a iniciativa de se achegar e se revelar, mas também demonstra a mais pura graça que é o favor imerecido.  Nada que fizemos antes de sermos salvos nos deu crédito diante de Deus para que pudéssemos nos gabar e dizer que porque éramos bons Deus nos salvou.  Muito pelo contrário a Bíblia diz que quando ainda éramos inimigos de Deus, ele nos salvou.
Quando Deus nos escolheu, Ele o fez em Cristo.  John Stott diz, “Deus colocou a nós e a Cristo juntos em Sua mente.” 
E quando foi que esta eleição aconteceu?


a. Antes da fundação do mundo (4a)
A minha experiência de conversão testifica que a minha salvação foi um trabalho total e exclusivo de Deus.  Em primeiro lugar Deus em Sua infinitude antes da fundação do mundo, antes de Genesis 1, ele já sabia de todo o desenrolar da história humana.  E por soberania divina, Ele decide me escolher para fazer parte de Sua família.  Em 1978, eu nasci, bilhões, trilhões?  Muitos e muitos anos depois de que eu havia sido escolhido.  Vim ao mundo e vim com a semente do pecado natural em todos os seres-humanos.  Passados 22 anos Deus decidiu por em ação o Seu plano e me fazer parte da família.  Para isto, Ele prepara todas as circunstancias necessárias para que eu me conscientizasse da minha necessidade de um salvador.  Acontecimentos familiares, decepções amorosas, pregação do evangelho, e aos poucos a mensagem foi se tornando entendível ao ponto de eu perceber que Deus me convidava a deixar para trás uma vida longe dEle e que tinha como destino final o inferno e me convidava para uma vida com Jesus e que tinha como destino final a vida eterna.  Quando a ficha caiu, as escamas dos meus olhos foram retiradas e eu pude então perceber o mundo espiritual e comecei a ter uma sensibilidade às coisas de Deus, eu não mais podia dizer não ao Senhor.  O convite que Deus me havia feito era bom demais para eu deixar passar.  A Sua graça foi irresistível e eu então O abracei como Pai, e Jesus como Senhor, Salvador, e irmão mais velho.  Eu livremente disse sim ao Senhor, mas apenas porque Deus antes da fundação do mundo havia dito sim para mim primeiro. 
E para que Deus nos escolheu?    


b. Para sermos santos e irrepreensíveis.
A eleição não nos deve trazer orgulho, mas sim responsabilidade.  Quem são os eleitos de Deus, são aqueles que buscam viver no patamar que esta eleição requer.  Todo eleito de Deus é salvo, mas nem todo que se diz salvo foi eleito.  Um grande exemplo disto é a quantidade de pessoas nas igrejas espalhadas em todo o País.  Contudo, a sociedade não tem sido influenciada para o bem, para a vida, para a pureza.  O que vemos é um povo dentro de prédios ouvindo mensagens de auto-ajuda e querendo ganhar dinheiro no negócio cristão.  Poucos buscam uma santidade verdadeira (santidade significa ser separado).  Não quer dizer uma separação das pessoas, mas dos valores mundanos que tem como objetivo nos afastar de Deus.  As pessoas não querem ser irrepreensíveis porque acham que isto é algo que nunca vão alcançar e com isso não querem nem tentar buscar isto. 
A eleição não traz orgulho, mas sim humildade, santidade e uma busca da perfeição em Cristo.  
Então vejamos Deus ao planejar a Sua igreja decidiu abençoar e escolher aqueles que fariam parte dela.  Esta escolha, contudo tinha e tem um grande propósito, de nos adotar como filhos Seu.   


3.  Ele decidiu nos adotar (5-6)
Este é o grande objetivo da eleição, a transformação de criaturas em filhos.  A igreja acima de tudo precisa ser entendida como uma grande família.  E esta família tem o Pai o Filho legítimo e uma multidão de filhos adotados que são libertos da escravidão do pecado pelo poder do Espírito Santo. 
E somos filhos apenas porque Deus em Cristo e pela graça nos escolheu.  A igreja dentro planejamento do Pai é composta de pessoas eleitas por Deus para serem filhos e serem abençoados. 
Agora como este plano foi concretizado na prática?
Saímos então da obra do Deus Pai no planejamento da igreja e entramos na obra do Filho que é quem pôs em prática todos os planos do Pai.


II.   A verdadeira igreja é comprada pelo Filho (vs. 7-12)


1.O que Jesus fez?
a. Ele nos redimiu pelo Seu sangue (7-8)
A redenção é um livramento mediante o pagamento de um preço.  Qual foi o preço que Jesus pagou?  O seu sangue.  E o que isto significa? Que Ele precisou morrer para nos livrar da morte.  Este trabalho de Jesus foi um trabalho de substituição.  Ele tomou o nosso lugar para que eu e você pudéssemos estar no lugar dele. 
Paulo fala em Gálatas 4:4, 5 “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.”
Portanto, a adoção e a redenção andam juntas.  Ninguém pode ser adotado sem antes ter sido redimido e ninguém é redimido e não adotado.  Para que o plano de Deus se cumpra, é necessário que Jesus pague pela nossa redenção e que após termos sidos comprados, Deus nos adote em Sua família. 
Quantos se dizem filhos de Deus, mas não entendem ou reconhecem a obra de Cristo para a redenção delas.  Eles querem ser filhos, mas não sabem das conseqüências de ser filhos de Deus. 
João diz em seu evangelho, “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.”
Todos estes que o receberam, foram e são os eleitos de Deus, estes se tornam filhos de Deus porque Deus assim planejou que fosse.  Eles foram redimidos através da obra de Cristo na cruz e depois de redimidos se tornaram filhos.
Mas alem de nos redimir o que Jesus faz?


b.  Ele irá nos unir a Ele na plenitude dos tempos (9-10)
É importante sabermos que tudo isto tem um propósito divino.  A história humana está caminhando para um final glorioso onde todos aqueles que receberam a adoção em todos os tempos da história humana (de Adão até o último bebê que nascer) estarão juntos e unidos.  Imagine em que outro lugar do mundo todos os povos de todas as raças, línguas, cores, etnia, localização geográfica poderiam estar juntos se não na igreja do Senhor. 
Mesmo que ainda hoje não possamos contemplar esta realidade haja vista os grandes problemas de segregação racial em igrejas Americanas, Sul Africanas, como também em outros países onde as minorias não são plenamente aceitas.  Mesmo assim, podemos crer pela fé que um dia tudo isto será possível, pois Cristo fará este trabalho final, uma vez que não somente os cristãos vivos estarão juntos, mas também aqueles que já estão mortos. 
Perceba que a esta altura Paulo inspirado pelo Espírito Santo já tinha recebido a revelação de toda a história da igreja.  De antes da fundação do mundo até a plenitude dos tempos.  Da eleição de Deus até a grande união de seu povo abaixo de sua autoridade e senhorio.
E a razão de tudo isto é para darmos a glória devida a Deus.


2. Porque Jesus fez isto? (11-12) Para darmos glória a Deus.
Paulo aqui coloca a igreja de Éfeso e ele mesmo dentro da história da redenção.  Ele diz que eles foram eleitos por Deus, redimidos por Cristo para que no tempo em que eles estavam dessem a glória devida a Deus por tamanho trabalho.
A igreja é responsável por dar glória a Deus por sua salvação.  Ela precisa entender que ainda que tenha sido pela graça de Deus a salvação não foi grátis.  Teve um preço grande e precisamos reconhecer este preço dando a glória devida a Deus.  Cada geração da igreja precisa fazer isto.  Paulo estava mostrando aos Éfesios que eles precisavam reconhecer isto para devidamente glorificar ao Deus da salvação deles.
Além de a igreja ter sido planejada pelo Pai e ter sido comprada pelo Filho, ela foi selada pelo Espírito Santo.


III.  A verdadeira igreja é preservada pelo Espírito Santo (vs. 13-14)
Primeiro devemos entender que o Espírito Santo foi dado como uma promessa feita desde a época dos profetas e entregue à igreja no dia de Pentecostes. Ali iniciava então a era da igreja completamente envolvida por toda a Trindade.
Mas você pode me perguntar...


1.  O que faz o Espírito Santo? Ele sela o nosso coração (13)
O selo é uma marca que indica possessão e autenticidade, ou seja, aqueles que se dizem fazer parte da igreja precisam ter sido escolhidos por Deus, redimidos por Cristo e terem o selo do Espírito Santo.  Na época de Paulo, animais e até escravos eram marcados com um selo indicando a quem eles pertenciam.  Eu e você precisamos ter o selo do Espírito, ou seja, a demonstração em nossa vida prática que de fato somos de Deus.  Gálatas 5 a partir do versículo 22 nos mostra alguns frutos que apontam para uma vida selada pelo Espírito. Leiamos:
“Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.  E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.”
E a pergunta que devemos fazer é “porque somos selados?”


2. Porque Ele faz isto? Para garantir a nossa segurança eterna (14)    
E a resposta é simples.  Para garantir a nossa segurança.  Deus não se arrisca e não quer perder nenhum de nós.  O sacrifício de Cristo não foi brincadeira de criança e deve ser levado muito a sério por Sua igreja.  Por isso, Deus garante a nossa salvação do início ao fim fazendo com que o Espírito Santo habite dentro de nós garantindo que vamos terminar a corrida e receber o prêmio, que vamos receber a nossa herança. 
Dentre as várias definições para penhor a que eu mais gostei foi:
“Objeto que se dá como garantia de um contrato ou dívida; sinal; testemunho; segurança; prova”  
Trazendo para o nosso caso, quem é o objeto? O Espírito Santo. E qual é a garantia que Ele nos dá? A completa segurança de que receberemos a herança final. 
Isto deve ser motivo de grande alegria, uma vez que Deus trabalhou todos os detalhes para que a Sua igreja seja eleita, pura, santa, redimida, separada, segura da sua salvação, tudo isto para a Sua própria glória. 
Porque Deus separou a Sua igreja? Para o louvor da Sua glória.  Porque eu e você vivemos e existimos? Para o louvor de Sua glória.

Conclusão
Portanto, a resposta para a pergunta o que é igreja é: Um povo eleito por Deus, redimido por Cristo, selado pelo Espírito, que existe para o louvor da glória de Deus. 
Oremos.