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Wednesday, January 09, 2008

Ideal versus Real

Viver e refletir os ensinos de Cristo em um mundo quebrado e hóstil à mensagem do Evangelho é a coisa mais difícil que existe. Esta semana estou fazendo um curso intensivo sobre Ética Cristã. Viver eticamente neste mundo, com todos os desafios morais que isto implica, já é algo que requer muita dedicação por parte daqueles que praticam. Contudo, quando se fala em ética Cristã, creio que a dificuldade aumenta consideravelmente. A singularidade da ética Cristã está no fato de que Jesus é o modelo que temos para execer a nossa ética. Mas, ao mesmo tempo que este modelo de ética é singular, ele também é extremamente complexo. Não somente porque Jesus viveu uma vida perfeita em mundo imperfeito, mas também porque nós não somos perfeitos e ninguém à nossa volta o é. Ou seja, o ideal de viver de acordo com Jesus é sempre bloqueado pelo real mundo pecaminoso em que vivemos. Assim, as pessoas que querem viver a ética de Jesus, sempre esbarram na dicotomia, ideal versus real.

Quando eu era apenas uma criança, eu pensava que o mundo era bonito e simples. Hoje, com quase trinta aninhos, eu percebo que o mundo é extremamente complexo e nem sempre tão bonito. A simplicidade foi tirada completamente da minha idéia acerca do mundo. Porém, a beleza varia de acordo com as várias situações ao qual me deparo diariamente.

Bom, voltando para o nosso dilema sobre ideal vs. real, percebemos que Deus planejou o ideal para seus filhos. Criou tudo dentro de uma ordem e de uma perfeição apenas digna dEle mesmo. Contudo, com a queda, o ideal passou apenas a ser o que o nome mesmo sugere, um ideal. O ideal é o perfeito plano de Deus. Temas como divórcio, guerra, eutanásia, aborto, homosexualismo, etc, podem ser aproximados de uma forma ideal. Ou seja, eu posso, baseado na Bíblia, dizer qual é a vontade ideal de Deus para cada um dos temas acima. Contudo, para cada caso de divórcio, de guerra, de eutanásia, de aborto e de homosexualismo, existem circunstâncias reais, com pessoas reais, com conflitos reais, com dores reais que não me permite tomar decisões generalizadas, mas sim, avaliar cada caso em particular. Quando eu me aproximo de cada caso como sendo único e particular, eu estarei não apenas respeitando as pessoas, como também agindo provavelmente mais parecido com Jesus. Contudo, ao me aproximar de cada caso, eu estarei sempre olhando para o ideal de Deus. O ideal sempre irá guiar as minhas ações. Ainda que o ideal de Deus possa parecer utopia para este mundo quebrado e doente, eu não devo abrir mão dele de forma irresponsável ou impensada. Porém, eu preciso ser sensível o suficiente para saber que haverá casos e momentos que, devido às circunstâncias e pelo bem maior de outras pessoas, o ideal terá que ficar de lado e o real ser abraçado. É o momento que a realidade do mundo caído ira mostrar as suas garras e se agirmos apenas pelo ideal, podemos causar mais danos à pessoa envolvida. Posso citar como exemplo o caso de aborto. Sou contra o aborto e creio que isto também é o ideal de Deus, contudo, se a vida da mãe estiver em risco, creio que seria mais ético optar pelo real e preserver a vida da mãe, do que o ideal e deixar que ambos - o feto e a mãe - morram. Este é apenas um exemplo da complexidade entre o ideal e real.

Meu Deus como viver é difícil!

Assim, com os olhos fitos no Senhor, vamos vivendo no desejo de ver um mundo livre do pecado, um mundo perfeito e ideal para todos. Mas também sabendo que a natureza caída da humanidade e os poderes e potestades deste mundo não nos permite trazer o ideal de Deus em todas as situações e problemas de nossas vidas.

Que Deus nos dê um coração para viver neste mundo seguindo o modelo de perfeição que Jesus nos deixou. Porém, sabendo que mesmo que não consigamos viver 100% este exemplo, nunca desistamos de alcançá-lo um dia.

Rodrigo Serrão

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