Google
 

Wednesday, January 10, 2007

Tempo vs. Qualidade de Vida

Recebi este texto de um amigo e estou postando-o aqui por ser muito interessante.

____________________________________

Já vai para 16 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéiaseja brilhante e simples. É regra.

Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos,asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedadegeneralizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito nesteprazo. Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações.Trabalham num esquema bem mais "slow down".

O pior é constatar que no final, acaba sempre dando certo no tempo deles coma maturidade da tecnologia e d a necessidade: bem pouco se perde aqui.
E vejo assim:

1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes(compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson,Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motorespropulsores para foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estarerrados, mas são eles que pagam muitos dos nossos salários.Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, quetenha mais cultura coletiva do que eles.Vou contar para vocês uma breve passagem só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos me pegava nohotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca..Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta deentrada (são 2.000 funcionários de carro).No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro ..

Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, oestacionamento vazio e você deixa o carro lá nofinal."Ele me respondeu, simples assim:"É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tardejá vai estar atrasado, melhor que fique maisperto da porta. Você não acha?"Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para reverbastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food.A Slow Food International Association - cujo símbolo é u m caracol, tem suabase na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!).O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beberdevagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representacomo estilo de vida em que o americano endeusificou.A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de basepara um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revistaBusiness Week numa edição européia. A base de tudo está no questionamento da"pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidadedo ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menoshoras (35 horas por seman a) são mais produtivos que seus colegas americanosou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos,apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menorprodutividade.Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e"produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos"stress".Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre,dolazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto emcontraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dosvalores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, dasimplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé .Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais"leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos,felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso...Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa éinimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos dedesenfreada loucura?Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de"qualidade sem-pressa" até para aumentar aprodutividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessáriaperda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagemcego, vivido por Al Pacino, tira uma moça paradançar e ela responde:"Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos.""Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a um passode tango.E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançamquando morrem enfartados, ou algo assim.Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e seesquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.Tempo todo mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo.Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon:"A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...

Parabéns por ter lido até o final!Muitos não lerão esta mensagem até o final, p orque não podem "perder" o seutempo neste mundo globalizado.Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. Deficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas...Poderá ser tarde demais! Saber aprender para sobreviver...Repasse, se tiver tempo.

autor anônimo

No comments: