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Wednesday, September 27, 2006

Diálogo acerca do tema Deus vs. Ciência


Este post é resultado de trocas de emails entre o Isaelson Ramos e o cientista Marcelo Gleiser (da série Poeira das Estrelas - Fantástico), eu (Rodrigo Serrao) e o Daniel Guedes. É interessante notar as opiniões de um Físico (Marcelo), um Administrador e Contabilista (Isaelson), um Advogado (Daniel), e um Teólogo (eu), acerca da Bíblia, Religião, Deus e Ciência.
Espero que apreciem a leitura.

Rodrigo Serrão

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Caros amigos Rodrigo e Daniel,

estou acompanhando a série Poeira das Estrelas que está indo ao ar todo domingo no Fantástico (matérias podem ser vistas no site www.globo.com/fantastico).
É simplesmente sensacional do ponto de vista científico. Porém, eu sempre tive vontade de escrever alguma coisa que pudesse unir a ciência à Biblia, e na busca por esses dados eu resolví escrever ao autor da série, o físico brasileiro Marcelo Gleiser, PhD em Física, catedrático nos EUA, filho de pais judeus e criado na religião judaica, ele é experto no assunto religião X ciêencia, mas pelo que lí não crê na existência de Deus, pelo menos como a Bíblia o apresenta.
Esse e-mail que enviei a ele estou encaminhando abaixo para que vcs possam também lê-lo e se possível comentarem comigo suas próprias impressões sobre o assunto.
Um abraço e uma ótima semana para vocês.

Isaelson

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Caro Dr. Marcelo Gleiser,

espero que este e-mail chegue as suas mãos.
Antes de tudo, parabéns pela inteligência e simplicidade.Nunca havia ouvido falar de você, mas quando comecei a acompanha-lo na Série Poeira das Estrelas fiquei fascinado pela forma simples com que aborda temas tão complexos. A partir daí, comecei a pesquisar na Internet sobre você. Lí entrevistas, artigos, biografia, etc, até que finalmente cheguei ao seu e-mail. Acabei de escuta-lo no chat da Globo.com no qual enviei várias perguntas que não lhe foram formuladas por falta de tempo.
Como vc, descendo de uma família tradicionalmente religiosa. Meus avós e meus pais são evangélicos, e quer queiramos ou não, somos influenciados pelo que aprendemos quando criança. Mas, mesmo assim, nunca deixei de me questionar sobre tudo que um dia aprendi e embora não tenha tido a mesma motivação que o levou a estudar a Física na busca por respostas, a partir desses questionamentos tenho me motivado e estudado um pouco à respeito da origem do universo, pois, acredito que descobrindo isso descobrirei a minha própria origem e o porquê de estar aqui agora.
Stephen Hawking foi o primeiro físico que conheci seus escritos e o admiro muito. Gostei também do livro do jornalista americano Corey Powell - A equação de Deus.
Marcelo, é impossível para mim não querer tentar unir ciência e religião. Com meu ínfimo saber, tenho conseguido junta-las em alguns questionamentos que gostaria de compartilhar com vc:

1. O tempo de existência da Terra: se fôssemos contar o tempo de existência da Terra a partir do Gênesis, teríamos 6.775 anos, quando a ciência prova que a Terra tem 4,6 bilhões de anos. Acontece que em momento algum a Biblia delimita o tempo de existência da Terra. Ela própria diz que "um dia para Deus é como mil anos e mil anos como um dia". Sabemos que a idéia de tempo é muito relativa no universo, e concebendo-se um ser eterno como Deus, tempo é uma questão relativa, não sendo portanto incoerente unir a Bíblia com a ciência (que prova que a Terra tem cerca de 4,6 bilhões de anos).

2. A criação: Para mim não foi em vão que o autor do Gênesis teve o cuidado de delimitar claramente a idéia de tempo quando dividiu os dias da criação, que por sinal, são curiosamente coerentes com o que prova a ciência: a "bolha inicial" ("e a Terra era sem forma e vazia"); a era glacial ("e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas"); o Big bang ('haja luz"); um único continente ("haja porção seca"); a ordem de aparecimento dos seres vivos segundo a evolução (primeiro as plantas, depois os peixes, depois os répteis, depois as aves, depois os mamíferos e por fim o homem); o homo sapiens descende de um único casal (Adão e Eva); essas e outras tantas constatações permitem-me querer despropositadamente tentar unir a ciência à Bíblia.

3. A existência de Deus: a ciência conseguiu chegar até 14 bilhões de anos-luz atrás. Como você mesmo explicou, estamos dentro dessa "bolha" de 14 bilhões de anos-luz. Mas o que existe fora dela não conhecemos, embora admita-se possa ser inúmeras vezes maior que o que já conhecemos, ou seja, infinito. A simples idéia de infinito extrapola nossa capacidade de pensar, de forma que, o que seria capaz de originar algo infinito? O que seria capaz de originar a primeira molécula ou átomo fonte de energia que como uma semente que germina, fez surgir a "bolha" inicial de onde tudo mais surgiu? Por menor que seja, existiu um começo, uma origem. O big bang foi uma explosão, mas não se pode explodir o nada! Existia algo para explodir. E esse algo de onde surgiu? E a molécula inicial de onde surgiu? Por mais absurda que possa ser para a ciência, admitir a existência de Deus ao meu ver é a peça que falta para a ciência concluir o quebra-cabeça que nos revelará cientificamente a história da origem de tudo. Porque a ciência admite o que não se pode provar cientificamente (como o infinito por exemplo), mas não consegue admitir Deus? Porque dentro da própria comunidade científica existe tanta controvérsia quando o assunto é a existência de Deus? Um cientista certa vez disse que acreditar no Big Bang é o mesmo que acreditar que um furacão passando por um ferro velho, forme um Boeing 747 pronto para voar. Stephen Hawking crê na existência de Deus, e disse: "Até agora, a maioria dos cientistas tem estado ocupada demais com o desenvolvimento de novas teorias que descrevem o que o universo é e para perguntar por quê. Por outro lado, as pessoas cuja ocupação é perguntar por que - os filósofos - não têm conseguido acompanhar o avanço das teorias científicas" ele ainda acrescenta "Se realmente descobrirmos uma teoria completa, seus princípios gerais deverão ser, no devido tempo, compreensíveis para todos, e não apenas a uns poucos cientistas. Então, todos nós, filósofos, cientistas, e simples pessoas comuns, seremos capazes de participar da discussão de por que é que nós e o universo existimos. Se encontrarmos uma resposta para essa pergunta, seria o triunfo último da razão humana - porque, entao, conheceríamos a mente de Deus". Einstein embora rejeitando a idéia bíblica de Deus, com sua teoria do Lambda, ele deu a Deus um lugar na Física, quando fala que o Lambda é um elemento estranho, cuja influência invisível supostamente controla os movimentos celestes observados. A ciência pode até criar vários nomes (o éter, a energia negra, o Lamda, Deus), mas será impossível não admitir a existência de algo inexplicável que de alguma forma controla as leis do universo. A Bíblia diz que Deus colocou os astros em órbita dos seus passos, sugerindo assim uma ordem nos movimentos. O que realmente acontece.

3. A Bíblia: dados os descontos de um livro antigo, traduzido e re-traduzido centenas de vezes e que sofreu influências da sociedade em que foi escrito, a Bíblia é sem dúvida um livro no mínimo intrigante. Como tantas descobertas científicas recentes já eram apontadas na Bíblia? Porque ele é ainda um livro tão atual? O fim do universo, o desaparecimento da Terra, o apocalipse final, está tudo na Bíblia. "E o sol perderá seu brilho e se apagará, as estrelas cairão do firmamento, e as potencias do céu serão abaladas". Essas e tantas outras passagens que a ciência já comprovou que a Bíblia tinha razão.

Para finalizar caro Marcelo, eu gostaria de lhe dizer que quis aqui apenas expor parte do que acredito hoje, não significando que será o que acredito amanhã. Assim sendo, me honraria muito receber respostas e questionamentos seus a partir de tudo o que aqui expus diante do seu profundo conhecimento das leis da Física e das recentes descobertas científicas.
Um forte abraço e desde já agradeço a atenção dispensada.
Com profunda admiração, atenciosamente,

Isaelson Ramos
João Pessoa/PB
A resposta do Marcelo

O texto abaixo é a resposta do Físico Marcelo Geisler ao Isaelson.

Olhem a resposta:

--- You wrote:Por mais absurda que possa ser para a ciência, admitir a existência de Deus ao meu ver é a peça que falta para a ciência concluir o quebra-cabeça que nos revelará cientificamente a história da origem de tudo. Porque a ciência admite o que não se pode provar cientificamente (como o infinito por exemplo), mas não consegue admitir Deus? --- end of quote

---Caro Isaelson,a ciência nao pode admitir a existência de algo que nao pode ser provado materialmente; não é esse o objetivo da ciência. Pelo contrário, o que a ciência quer é construir uma explicação racional p/ explicar o cosmo onde vivemos sem uso de algo não demonstrável. O fato de a ciencia não ter todas as respostas nao é uma fraqueza dela mas absolutamente fundamental. Não há necessidade na ciencia de invocar Deus p/ preencher os buracos do que não sabemos. Por outro lado, a ciência não diz nada a respeito das escolhas espirituais feitas por individuos. Se você se sente bem trazendo Deus p/ o seu universo, ótimo. O importante é não usar esse Deus de tal forma que Ele venha a bloquear sua busca por respostas a questões ainda obscuras. Se o fizermos, deixaremos de criar novo conhecimento.Hawking é um ateu declarado. O uso da palavra Deus é metafórico como o foi com Einstein.
um abraço,
Marcelo Gleiser

A partir deste momento, eu entro com a minha opinião.

Oi Isaelson,

Eu entendo a sua posição e a do Marcelo. Na verdade, sempre que vejo pessoas lendo Genesis com “olhos científicos,” eu percebo que estas pessoas tentam conciliar o irreconciliável. Não porque são contraditórios, mas por uma simples questão de propósito.
O propósito da Bíblia não é científico, mas religioso. Ao escrever Genesis, seus autores (considerando a teoria JEPD, em detrimento do conceito da autoria de Moisés), tinham em mente relatar os eventos de Deus para o povo de Israel. Estes escritos em forma de narrativa tinham o objetivo de:
1) Escrever histórias que já existiam como tradição oral;
2) Fortalecer a fé daqueles que eram os primeiros leitores, e das futuras gerações.
Em momento algum, os autores pensavam em conciliar ciência com a existencia de Deus. E quando tentamos fazer aquilo que não era o que eles tinham em mente, apenas exercitamos a nossa imaginação.
Por outro lado, eu entendo o Marcelo quando ele diz que o fanatismo religioso leva a estagnação da ciencia. Sim, porque de fato, se o ser humano se acomodasse na idéia de que tudo o que não se pode entender em determinado contexto histórico fosse por causa de que Deus assim o quisesse, ainda estaríamos vivendo sob a luz de candeeiro.
Porém, na contra partida deste raciocínio, está a negação total de Deus. E pelo que li, é exatamente o posicionamento dele. Neste caso, vários dos mais diversos fatores contribuem.

Engraçado que eu tenho um amigo que estudou no Pio X comigo e entrou na UFPB em Física. Ele era daquelas pessoas tipo genio. Muito inteligente mesmo. Ele se formou e fez mestrado, depois mudou-se para São Paulo e fez doutorado na USP, depois pos-doc. Um certo dia ele vem visitar a sua familia e combinamos de nos encontrar para surfar. Eu maravilhado com o mar e o dia lindo que fazia, falava constantemente em Deus. Dizia que Deus havia criado tudo aquilo e que Deus o amava. Ele apenas mostrava uma certa ironia pelo que eu falava. Ao que eu cheguei para ele e perguntei, “Romulo, vc não concorda comigo que foi Deus que criou tudo isto?” Ele disse: “Como vou acreditar naquilo que a minha área de estudo nega constantemente? Eu não posso ir de encontro a mim mesmo!”

Com isso digo que muitos cientistas são tão crentes na não existencia de um Deus (pela circunstâncias ao redor deles), como eu sou na existencia de um criador (pela minha fé). Eles são em muitos casos, fabricados ou programados para descrer em um Ser ou uma Mente criadora.
Bom, isso é um pouco do que eu penso, mas não é tudo. Ainda tem a questão da fé e da própria auto-revelação de Deus nos corações dos homens. Mas isto tudo leva muito tempo para explicar. Estou sem muito tempo agora pois estou no trabalho. Espero que vc tenha entendido a minha posição, que é a da leitura bíblica livre das lentes da ciencia.

Abraços Isaelson,
Rodrigo Serrao

Abaixo segue a resposta do Isaelson à mim.

Oi Rodrigo,
muito obrigado pela sua explanação.

Concordo com vc, mas, é difícil para alguém que quer adquirir conhecimento se fechar para as descobertas da ciência, seria até ignorância, ou fanatismo como disse o Marcelo. Por outro lado, se for para confrontar, uma néga a outra em seus objetivos, pois, como vc mesmo disse, os objetivos são distintos: a religião tem como mola mestra a fé (que é acreditar em algo subjetivo, não palpável, intangível), ao passo que a ciência tem como mola mestra a prova concreta, científica, experimentada e confirmada por fatos reais e tangíveis.
Ora, se sem fé é impossível agradar a Deus, a partir do momento que o homem busca provar Deus através da ciência estaria O desagradando?
Como cristão, mas também como uma pessoa curiosa e estudiosa, acredito em ambas (ciência e Bíblia), dando os devidos "descontos" a cada uma delas.
Mesmo sabendo que os cientistas estão no papel deles, e que não seria ciência o que eles fazem se colocassem Deus como uma espécie de "tapa-buracos" em tudo o que não houvesse resposta, eu vejo que muita coisa se encaixa entre a ciência e a Bíblia. É inegável esta costatação em muitos episódios bíblicos quando confrontados com a ciência, de modo que, apesar de saber que são caminhos diferentes, com objetivos diferentes, para mim, pelo pouco que lí à respeitou, a ciência já "descobriu" Deus, mas não pode admitir, pois assim não seria ciência.
O Lambda de Einstein, o éter de Newton, a energia negra de Hawking, e tantas outras teorias... nada mais é que Deus, a "força mágica" que segura os astros mantendo-os em órbita uns dos outros de forma ordenada onde tinha tudo para ser o caos - o universo infinito.
A ciência quântica tenta mais jamais conseguirá provar em uma teoria matemática ou física essa força descomunal que governa o universo. E para nós cristãos, esta constatação da ciência tem que ser mostrada ao mundo, não com o ceticismo que os teólogos têm da ciência ou o medo de confronta-la, mas com a fé que temos que a Palavra de Deus é fiel e verdadeira, e a ciência por mais que busque jamais conseguirá invalida-la, e sim, ao contrário, reafirma-la a cada nova descoberta.
Então, a quem cabe mostrar isso ao mundo? Aos teólogos, que se apegam a Bíblia e esquecem a ciência por acharem-na totalmente desprovida da capacidade de levar o homem à descobir Deus? Aos cientistas que não se permitem admitir um ser criador, o que os levaria a se curvar ante suas limitações humanas? Claro que a nenhum destes.
Porém, um cristão com sólidos conhecimentos bíblicos e científicos pode sim unir as tantas descobertas científicas recentes ao que diz e prediz a Bíblia, num belo confronto de teorias que se complementam, de forma a provar que a Palavra de Deus tinha razão, levando assim universitários, professores, mestres e doutores a crerem na Bíblia e consequentemente em Deus. Seria uma estratégia de gerar fé através do conhecimento científico.
Posso estar errado... mas acho plenamente viável.
Quantos estão iludidos com a evolução quando ela nunca foi comprovada e o "elo perdido" nunca foi encontrado?
Quantos acham que a ciência explica tudo em relação ao surgimento do universo de forma natural sem nenhuma interferência externa, quando a verdade é que a ciência chegou até ao átomo inicial de tudo, mas não chegou ao criador do átomo. Voltou no tempo 14 bilhóes de anos-luz, mas quando chegou lá encontrou um ínfimo átomo e uma gigantesca explosão, mas o que causou esta explosão? Quem criou a matéria prima que explodiu? Esse momento mágico que durou apenas 5 minutos teria sido o momento do "Haja luz"? Ou a queda de Satanás?
Eu particularmente acho muito mais relevante discutir isso que simplesmente separar de forma peremptória a ciência e a Bíblia.
Um forte abraço, e vamos interagir sobre esse tema.
God bless You.

Isaelson

Neste momento, estamos quase entrando em acordo. Apenas um ponto eu acho que devo esclarecer.

Isa,
Concordo com quase tudo que vc escreveu. Porém existem um ponto que eu gostaria de abordar aqui.
Vc disse:
Porém, um cristão com sólidos conhecimentos bíblicos e científicos pode sim unir as tantas descobertas científicas recentes ao que diz e prediz a Bíblia, num belo confronto de teorias que se complementam, de forma a provar que a Palavra de Deus tinha razão, levando assim universitários, professores, mestres e doutores a crerem na Bíblia e consequentemente em Deus. Seria uma estratégia de gerar fé através do conhecimento científico.

Quando Deus criou o mundo, Ele já havia sacrificado o cordeiro (Jesus) e salvo os eleitos. O que faltava era colocar estes eventos na história. Ele também havia decidido que a forma como o Seu Filho iria morrer, seria vexátoria, horrível e humilhante. Ele também já havia decidido que a fé viria pelo ouvir a Palavra dEle, e que esta seria escrita durante milhares de anos por um povo separado para preparar o caminho do Seu Filho à terra. Ele também decidiu que isto seria revelado mais facilmente aos pequeneninos, e aos fracos para que os sábios ficassem confundidos. Ele decidiu isto! A loucura da ressurreição, o vexame da crucificação, a perseguição dos primeiros seguidores, já estava tudo planejado.
E tudo fica mais interessante quando sabemos que isso tudo não faz o menor sentido para uma sociedade secularizada ao qual vivemos. Uma sociedade que vive em busca de prazer e de satisfação pessoal, que está cada vez mais individualista, materialista e imoral. Para esses, o evangelho é loucura. E de fato o é, mas só é porque Deus assim o quis, e o fez.
Portanto, não podemos e não devemos cobrir esses fatos. Muito pelo contrário, o evangelho puro, nu e cru é poder de Deus. Deus assim o fez.
Agora, ser contemporâneo e contextualizar a mensagem, não tem problema algum. Todavia, devemos entender que sempre será Deus que convence o pecador do seu pecado, da justiça e do juízo vindouro. Por isso, devemos pregar o evangelho como ele é (loucura), sabendo que antes de Deus dizer haja luz, Ele provavelmente disse haja cruz.
Fique na paz

Rodrigo Serrao

Ao que Isaelson responde.

Esse tema é muito interessante.
E aí?
Vamos iniciar o livro?
Que tal um romance: "O dia em que a ciência encontrou Deus"
abç,

Isaelson

Por fim, Daniel emite sua opinião.

Rodrigo,
Olha o e-mail de Daniel:
......
Isaelson,
vc sabe bem o quanto admiro sua inteligência a respeito da conciliação Bíblia-Ciência. Ao longo do primeiro semestre do ano que passou, dediquei-me a examinar o estudo das eras, as provas do dilúvio no monte Ararate, a menção bíblica do livro de Jó à existência do Bee-Mote (tradução original da Bíblia - The New King James Version, em 1684), o primeiro nome do que a ciência diria ser o dinossauro, nos idos de 1870, enfim, como curioso a respeito do milagre da criação, exercitei a minha inteligência a fim de conciliar a ciência e o método científico com o relato bíblico sobre a criação e o desenrolar dos fatos que sustentam a existência de um Criador.
Nessa caminhada, acho que cheguei a uma conclusão: a Bíblia Sagrada funciona como um anteparo à ciência. Na verdade, nós cristãos devemos nos apegar ao que cremos sem perscrutas desenfreadas acerca do que o homem vem conseguindo provar cientificamente. É bem verdade que a busca dessa relação no sentido de instrumentalizar uma pregação a céticos, agnósticos e ateus confessos é salutar da parte de quem o faz. Contudo, como diz Rodrigo, o envangelho é loucura mesmo.
Aos cientistas são creditados o invento (ou o reinvento, concebendo Deus como Inventor absoluto de um ser a Si semelhante) de coisas e teses que facilitam a nossa vida... Ótimo! Quando a seara sobre a qual se debruçam oscila entre axioma e/ou fé, o contexto é bem diferente. Eu, como cristão de fé e de pouca prática que sou, enxergo pelos olhos da fé a volta de Cristo, o Dia do Juízo, a costela de Adão e a perfeição de Eva, o sacrifício da cruz do Calvário, a redenção do meu corpo podre e corrupto num corpo santo e glorificado...
Pra mim, a ciência jamais conseguirá dar as respostas às perguntas propostas pelos assemelhados ao Criador, até porque não nos foi dado conhecer a verdade no meio dos relativismos da vida em razão do pecado. "Um dia veremos face a face, mas hoje vemos como que diante de um espelho..." é assim que disse Paulo em I Cor. 13, não é verdade?!
De outro lado, a especulação e todas as fases do método científico precisam ser muito bem consideradas, estimuladas e avaliadas por nós cristãos, que não precisamos disso pra exercitar a nossa fé, até porque a fé é incompatível com o exame de dados concretos diante dos nossos olhos. Quero ser bem-aventurado porque não vi, mas cri...
Pois é, cidadão. Admiro-te muito por isso. Essa inquietação que você tem favorece e muito ao Cristianismo. Diálogo com cientistas e céticos evolucionistas devem ser travados sem medo e com a serenidade de quem tem a convicção de que a Palavra de Deus é de fato a Verdade e a Resposta a todas as indagações do ser humano.
Siga em frente e promova os embates que tens promovido...
Quero continuar recebendo suas mensagens!!!

AbraçoDaniel

Monday, September 11, 2006

Você® registre essa marca - por Isaelson Ramos

O texto abaixo foi escrito pelo meu amigo Isaelson.
Boa leitura aos que lerem.
Rodrigo
_____________________

Você®
registre essa marca

No mundo dos negócios é fundamental para a consolidação de uma marca o seu registro, o que a torna única e efetiva. Em nossa vida pessoal essa atitude não deve ser diferente, pois, nós, seres humanos, já nascemos com uma marca exclusiva impressa em nosso código genético, em nossa fisionomia e principalmente, em nossas atitudes. Porém, no mundo globalizado em que vivemos, tem se tornado cada dia mais difícil conseguirmos demonstrar nossas particularidades e imprimirmos na história da humanidade a marca que irá no futuro comprovar a nossa passagem por este mundo.
A homogeneização1 da sociedade humana é crescente e irremediável. Fruto de uma política sócio-cultural voltada para objetivos comuns a todos, onde as diferenças tendem a desaparecer. Os países mais desenvolvidos ditam costumes, culturas e modas levando os subdesenvolvidos a lentamente perderem sua identidade. Esse processo que tem ocorrido em todo o mundo, é iniciado dentro de cada indivíduo, levando-o a agir de acordo com a maioria, numa atitude medíocre que fada-o ao insucesso.
Nesse contexto devemos parar e refletir aonde tudo isso irá nos levar. Se somos tão diferentes, porque agimos tão igualmente, com planos e objetivos tão comuns?
Na história da humanidade, analisando a vida dos grandes personagens que influenciaram sociedades e escreveram seus nomes nos áureos registros da passagem humana por este planeta, percebemos o quanto eles agiram e foram diferentes dos seus contemporâneos. Alguns eram vistos como loucos, outros como sonhadores e alguns poucos como heróis, mas o fato é que todos eles imprimiram nos anais da história da raça humana a sua marca exclusiva, insubstituível e inigualável.
Registrar a nossa marca em tudo o que fazemos é o primeiro passo para vivermos acima da mediocridade. Esta é sem dúvida a principal característica dos vencedores, daqueles que fazem a diferença e com sua filosofia de vida influenciam vidas, quebram paradigmas e mudam toda uma sociedade que hoje está, mais do que nunca, necessitada de pessoas capazes de promover uma nova concepção do mundo e da forma de viver.
Ser o que acreditamos. Viver os nossos sonhos. Realizar nossos projetos. São atitudes simples como estas que se tornaram em grandes desafios nos dias de hoje, no nosso dia a dia. Como é difícil não se deixar abater por uma palavra de desânimo ou por uma opinião negativa. Como é difícil sonhar grande quando os exemplos que nos cercam são de insucesso. Como é difícil lutar quando a maioria já cedeu e perdeu a guerra. Como é difícil sermos nós mesmos quando precisamos usar máscaras para parecermos com a maioria. Como é difícil ser falso quando a nossa sinceridade afeta as pessoas.
Esse dilema vivemos todos os dias. Se queremos ser aceitos pela sociedade temos que nos parecer com a maioria, nos vestir como a maioria, comer como a maioria, viver como a maioria. Porém, o sucesso não pertence a maioria. O sucesso sempre pertenceu aos que andaram na contra-mão e ensinaram as pessoas uma nova direção de vida.
O grande poeta português Fernando Pessoa escreveu: “Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Põe o quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a lua inteira brilha, porque alta vive.”
Como você quer ser lembrado por seus filhos e netos? Como você gostaria de lembrar-se do que fez quando estiver velhinho descansando em sua cadeira de balanço? Será que você estará arrependido do que fez ou do que deixou de fazer? Saiba que quem tenta alguma coisa tem 50% de chances de acertar e 50% de errar, mas quem não tenta, já errou.
Certe vez perguntaram a Oportunidade: “Onde você está indo?” E ela respondeu: “Eu estou passando...” A vida é feita de oportunidades e em cada uma delas é nos dada a chance de imprimirmos nossa marca, gravarmos nossa história. Ignorar isso e agir de forma medíocre como a maioria, é rejeitar a oportunidade que nos é dada todos os dias de escrever uma nova história e mudar o curso das nossas vidas utilizando para isso a nossa inteligência, o nosso potencial criativo e as nossas habilidades e com isso podermos dizer aos que nos cercam: Eu não sou medíocre! A minha marca está registrada! Eu sei fazer a diferença.
Faça isso e amanhã alguém dirá de você: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez!”

Isaelson Ramos de Oliveira
Administrador de Empresas, Contabilista,
Especialista em Recursos Humanos, Filosofia e Políticas Educacionais
Mestrando de Economia com ênfase em
Comércio Exterior e Negócios Internacionais
Professor-tutor da Faculdade Internacional de Curitiba
isaelson@hotmail.com

1. No século passado, mais precisamente na década de 60, o canadense Marshall McLuhan publicou vários artigos em que previa o surgimento de uma “sociedade homogeneizada”, isto é, todo o mundo formando uma única aldeia com hábitos, culturas e costumes semelhantes, unidos através da comunicação altamente desenvolvida e pela tecnologia. Surgia assim o primeiro conceito de globalização, atual e coerente em nossos dias.

Friday, September 08, 2006

A dinâmica da minha percepção sobre a fé

Teve um tempo em minha vida em que eu vivi soterrado em uma vida pecaminosa, onde a percepção de Deus era totalmente apagada e o pouco que tinha estava embassada. Durante esta época, as minhas atitudes eram bem irresponsáveis e cheias de um sentimento de suposta liberdade. Apesar de viver na casa dos meus pais, eu raramente prestava contas a eles do que eu fazia. Um dos motivos era devido a capa moral que eu apresentava a eles, e que de certa forma era bem trabalhada. Em casa eu era o bom filho, o estudioso, o bom amigo, o responsável, etc. Porém, eu sabia que aquilo que eu mostrava como sendo “eu”, de fato não era exatamente o “eu” todo. Era apenas uma parte do meu “eu”, pois, a outra parte era algo apenas para os da rua, para meus amigos de algazarra.
Me converti ao Senhor Jesus Cristo aos 22 anos de idade. Para alguns, bastante cedo, para outros, bem tarde. Porém, para mim, no tempo certo. Creio que a minha experiência naquilo que os cristãos chamam de “mundo”, me foi muito boa em alguns sentidos, e má em outros. Boa, porque eu não tenho aquela curiosidade que muitos cristãos que nasceram em lares evangélicos e cresceram dentro da igreja tem. Alguns muito mais compromissados com as doutrinas da igreja, do que com os ensinos de Jesus e dos apóstolos, vivem fixados na idéia de ir para um barzinho, uma boate ou um motel. Sentem-se a pior das criaturas porque assim pensam e estão sempre com sentimentos de culpa apenas porque querem sentir um gostinho dos prazeres do “mundo.” Digo que são mais discípulos da igreja do que de Jesus, porque é na igreja que eles aprendem a “doutrina do não pode isto, não pode aquilo” e é lá também onde eles recebem os ensinamentos da barganha com Deus, que os leva a se sentirem muito culpados por não conseguirem ser aquilo eles acham que Deus espera deles, sempre em troca de alguma coisa.
Claro que o pecado que eu me referi no início deste meu texto não tem apenas a ver com saídas em finais de semana, e/ou bebedeiras irresponsáveis. Porém, a prática constante disto, como um estilo de vida e sobretudo, como sendo a única fonte de felicidade, também é um pecado, ao qual cometi.
Entretanto, esse meu tempo lá no “mundo” também me foi mau. Mau, porque eu hoje eu carrego em minha vida marcas profundas em meu ser. Lembranças de coisas que são abomináveis ao Senhor. O contato constante com o esse sistema mundano e suas diversas aplicações na vida do ser humano, somado às relações humanas corrompidas, (baseada em uma busca incessante de prazer em detrimento de qualquer consequencia), traz para aquele que o vive, cortes profundos na alma. E para aqueles que o larga, cicratizes vivas e pulsantes de um passado doentio.

Após minha conversão, entrei em um estado de amor pela igreja. Reparem bem que Jesus me salvou, e eu me apaixonei pela igreja. Claro que a razão para tal paixão não estava no prédio em si, mas porque eu sempre conectava aquele lugar com a presença de Deus. Para mim, ali era praticamente o único lugar onde Jesus falava com seu povo. Comecei a ler a Bíblia, a me envolver mais e mais com as atividades da igreja e em pouco tempo de conversão, eu já era o líder dos jovens. Como minha igreja era pequena, não haviam muitas pessoas com quem o pastor poderia contar para ajudá-lo nas atividades de culto. Eu fiquei bastante ativo, porém, comecei pouco-a-pouco a perder o fogo da paixão, pois, havia sobre mim uma pressão muito grande para manter as pessoas indo aos cultos e motivadas.
As coisas pioraram depois que o pastor resolveu sair da igreja e me deixar como o “líder” daquela pequena comunidade. Só Deus sabe como eu quis sair junto com o pastor, mas aquele senso de responsabilidade e zelo com a igreja me fez permanecer. Aquele tempo em que eu fiquei a frente dos trabalhos da igreja, onde eu tinha que abrir a igreja, tocar e cantar, pregar, recolher as ofertas, fazer uma oração final e depois fechar a igreja foram muito difíceis para mim. Primeiro porque eu tinha pouco tempo de conversão. Não havia um conhecimento maior da Bíblia, não havia muito carisma, não havia praticamente nada que eu pudesse me segurar para trazer algo melhor para os irmãos, apenas, a certeza no meu coração de que Deus de alguma forma agia através de mim. Segundo, porque as memórias dos meus tempos longe de Deus ainda estavam bem vívidas em mim, e por astúcia do inimigo, elas sempre voltavam mais e mais frequentemente.
O maior milagre que eu vejo em tudo isto foi eu não ter me desviado da presença de Deus, pois, culpa e vergonha eu tinha de sobra. Eu havia me tornado um díscipulo da igreja, e pior ainda, sozinho, sem alguem mais experiente para me ajudar. Teve um dia em que eu antes de iniciar o culto, me ajoelhei e chorei ao Senhor. Nesta oração, eu pedia que Ele não olhasse para minha vida, mas olhasse para aqueles que estavam lá para ouvir uma palavra de dEle e que por amor aos irmão, que Ele me usasse como instrumento mais uma vez.
Graças a Deus que depois de quase um mês praticamente sozinho na liderança da igreja, uma igreja maior resolveu adotar nosso trabalho e passou a enviar músicos para tocar nos domingos. Esta igreja ainda colocou um seminarista responsável para conduzir os cultos semanais.

Seis anos se passaram. Hoje eu tenho outra visão acerca das coisas de Deus, Sua igreja e Sua obra. Infelizmente olho a igreja hoje em dia com muito criticismo. Não por razão de alguma mágoa ou de algum sentimento ruim em relação a Deus. Mas por ver o sistema religioso como um fim em si mesmo. Por ver a hipocrisia da igreja e principalmente dos seus líderes. Por ver a corrupção do Evangelho de Jesus para obter beneficios pessoais, por ver o controle e a manipulação de pessoas simples por parte de lobos que se dizem pastores.
O movimento iniciado por Jesus no primeiro sécula desta era, se tornou um grande império, um sistema de doutrinas e dogmas congelados pelo tempo. O amor pregado por Jesus, deu lugar a um moralismo sem igual no Novo Testamento.
A institucionalização da igreja, ainda que necessária para a continuidade do movimento iniciado por Jesus, perdeu grande parte de sua essência. As convicções que os discípulos tinham enraizados em seus corações, esfriaram e deram lugar a sistemas de doutrinas, a dogmas pedrificados. O profeta se tornou o pastor do estabelecimento, o carísma se tornou um ofício, o chamado um emprego, e o amor uma rotina. A igreja se tornou mais e mais institucionalizada e cada vez menos preocupada com o mundo ao seu redor.

Porém, a despeito de tudo o que o sistema religioso marcou negativamente a minha alma, eu continuo amando a Jesus, Senhor meu e Deus meu. Eu de fato aprendi que Jesus não se faz presente apenas dentro dos prédios chamado igreja. Hoje, estou ciente da manifestação do amor de Deus por todos. Tive a experiência de ver que Deus está em toda parte, em todos os povos, e em todas as nações. Não porque existem igrejas em todos os lugares, mas porque Ele É independente do sistema religioso. Ele é soberano, Ele é livre, Ele é amor, Ele é Senhor, Ele é e sempre será, tanto, onde há igrejas em cada esquina, quanto, onde não há.

Sendo assim, descanso no Senhor e busco obedecê-Lo. Reconheço a sua graça e por ela vivo. Busco ser livre nEle e entendo que só Ele é o Senhor e nosso mediador com o Pai.

Que Deus nos abençoe,

Rodrigo Serrão

Wednesday, September 06, 2006

Sem nada a dizer

Resolvi escrever, mas não sei o quê! Estou querendo dizer algo, mas não tenho palavras nem idéias.
O que fazer?
Acho que devo continuar escrevendo até que eu seja iluminado, até que haja inspiração.
Porém, e se não houver?
Bom, aí a culpa não é minha, mas sim da minha mente que não mente e por não mentir não fará nada que não seja original.
Será que tudo isso é ruim? Ou será que é parte da vida? Será que é perda de tempo? Ou será que é apenas um passa-tempo?
O que é eu não sei, o que sei é que sem ter nada pra dizer, acabei dizendo algo. Porém, depende de cada um entender o que foi dito sem que tenha sido dito de fato.

Mistérios, mistérios…

Rodrigo Serrao