Eu não nasci em um lar cristão. Na verdade, por mais que eu quisesse ser uma pessoa boa, eu não queria saber de Deus. Eu tinha certo respeito por Deus (da minha forma é claro), eu tinha certo respeito pela igreja, mas no geral eu não estava nem aí para essas coisas. Eu tinha uma vaga noção do que era pecado, a minha consciência me acusava um pouco (principalmente após uma noitada), mas nada tinha força suficiente para me fazer parar de viver este estilo de vida.
A minha vida aparte de Cristo, por mais que não me levasse para o abandono completo de meus valores, eu tinha uma vida bastante mundana. O grande problema para mim era a bebida e as festas nos finais-de-semana. Até porque a minha família também não era Cristã e isto facilitava o meu acesso à bebida fora de casa e ao carro.
Eu não consigo me lembrar do número de vezes que cheguei bêbado em casa sem saber nem como guardei o carro na garagem. Quando eu me acordava, eu já estava na minha cama em meu quarto. Eu procurava saber como eu havia chegado com quem eu havia estado após o álcool ter tomado conta da minha mente, mas eu não lembrava. A primeira coisa que eu fazia era ir ver se o carro estava todo inteiro e depois se os meus documentos e dinheiro estavam comigo e por fim se eu tinha alguma marca ou machucado.
Graças a Deus eu nunca tive grandes problemas. Que eu me lembre, apenas uma vez que eu cheguei com o carro vomitado. Porém, eu me lembro de uma vez que eu estava dirigindo de volta para casa, creio que de alguma casa noturna de intermares, na BR sentido Bancários. Eu vinha com um amigo do meu lado, tão bêbado quanto eu, e naquele dia eu adormeci no volante bem na subida do viaduto do Forrock. O carro começou a pender de uma faixa para a outra em direção ao muro que protege os carros. Ao perceber que o carro estava saindo da faixa, meu amigo olha para mim e me vê dormindo. Então ele me acorda e eu no susto consigo colocar o carro de volta no lugar. Daí em diante, ele ficou gritando no meu ouvido para eu não dormir até a gente chegar nos Bancários.
Naquela época eu não via que havia algo me protegendo, me livrando de toda sorte de acidente, mas hoje, eu vejo que Deus estava comigo mesmo sem eu saber. Deus estava comigo me livrando de doenças, de acidentes, de morte.
E a razão maior pelo qual Deus me livrou e me livra até hoje é a Sua promessa em minha vida. E assim é na vida de todos aqueles a quem Deus faz promessas.
O texto que lemos mostra um Deus que está com todos aqueles a quem Ele faz promessas mesmo quando estes nem sabem acerca delas.
Assim como Deus me livrou da morte para cumprir em minha vida as Suas promessas, Ele também livrou Ismael da morte para cumprir nele todas as Suas promessas.
Os planos de Deus e Suas promessas estão intrinsicamente ligados à Sua presença em nossas vidas.
E como vemos isto nesta história?
A festa
Abraão deu uma festa, naquele momento ele era o homem mais feliz de todos. Deus havia cumprido a promessa de gerar um filho na sua velhice e na de Sara e agora o menino crescia saudável e abençoado.
Para comemorar o desmame do garoto, Abraão deu uma grande festa. O desmame se dava mais ou menos quando a criança chegava aos 3 anos de idade. Estavam todos se divertindo. Havia muita comida e muita bebida.
Contudo, na festa também estava o outro filho de Abraão, Ismael. Ele provavelmente já era um adolescente com mais ou menos 17 anos. Ismael era um filho amado por Abraão. A prova disto é que Abraão chegou a pedir a Deus que ele fosse o filho da promessa, ao que Deus sempre negava.
Durante a festa, Ismael aproximou-se de seu irmãozinho Isaque e começou a brincar com ele. Contudo a brincadeira começou a virar piadinhas e acabou em pilhérias, alguns dizem até que Ismael ameaçava o pequeno Isaque. Talvez Ismael estivesse com ciúmes, talvez Ismael estivesse se sentido ameaçado, talvez fosse tudo isto junto.
Ismael provavelmente achou que ninguém estava olhando e continuou rindo e soltando piadinhas com Isaque. Contudo, eis que a “leoa” Sara estava por perto e viu tudo. Sara ao ver o que Ismael estava fazendo, encheu-se de ira e foi até Abraão pedir que ele expulsasse Ismael e sua mãe Hagar do acampamento.
A expulsão
A rixa entre Sara e Hagar já se existia desde há muito tempo. Há quase 20 anos antes dos eventos narrados no capítulo 21 de Genesis, Sara, que ainda chamava-se Sarai, fez a cabeça de Abraão para deitar-se com Hagar, sua escrava. Ela dizia, “Já que o Senhor me impediu de ter filhos, possua a minha serva; talvez eu possa formar família por meio dela” (Gn 16:2).
Sarai por ser estéril sentia-se uma mulher sem valor. A cultura em que eles viviam não ajudava em nada a situação dela. Ela sentia-se até como estando sendo punida por Deus. Por essa razão, ela teve a infeliz idéia de fazer com que Abrão deitasse com sua escrava.
A proposta de Sarai a Abrão não foi em nenhum momento discutida com a mulher que deitaria com ele, Hagar. Os sonhos de Hagar foram totalmente ignorados por Sarai. Como escrava, Hagar não passava de uma propriedade e de uma extensão legal de sua patroa (ama).
A esposa legal de Abrão (Sarai) sentia-se uma mulher incompleta por não poder dar um filho ao seu marido, mas sentia-se poderosa por poder controlar a vida de outros seres-humanos sem considerar seus desejos, sonhos, vontades, e interesses.
Já a escrava e genitora do filho dos chefes era humilhada e tratada como um objeto. Contudo, ao seu favor, tinha a capacidade de reproduzir o que lhe dava dentro desta cultura uma superioridade com relação a mulheres estéreis. Talvez ela pensasse, “Eu posso não mandar aqui, mas pelo menos sou uma mulher completa, ao que a minha ama por mais que tenha o poder, não é uma mulher no sentido mais natural da palavra.”
O clima entre as duas esquentou quando a barriga de Hagar começou a aparecer e ela passou a andar pra cima e para baixo com o barrigão à mostra. Isto causou um grande problema para Sarai e abalou grandemente sua autoestima.
Cada vez mais humilhada por Hagar, Sarai vai até Abrão e pede que ele faça alguma coisa para resolver a situação. Abrão sem querer tomar partido diz a Sarai que aquilo era problema dela e que ela fizesse o que ela achasse melhor, em outras palavras Abrão mandou Sarai “se virar”.
Com estas palavras, Sarai passa a perseguir Hagar de tal maneira que esta não aguenta e foge da patroa para o deserto. O orgulho de Sarai era maior que o seu coração e ela não pensou que tudo o que estava acontecendo era porque ela havia transgredido a vontade de Deus. Ela não se importa com a criança que está no ventre de Hagar que até então se acreditava ser a criança da promessa. Nada disso mais importava a Sarai, conquanto aquela serva maldita fosse para bem longe dela.
Hagar foge para o deserto onde o Anjo do Senhor a encontra e a manda retornar para casa de Abrão e Sarai. Todavia, durante este encontro, o Anjo do Senhor dá uma promessa a Hagar acerca do seu filho também. Claro que Hagar não estava dentro da promessa feita a Abrão e Sarai, mas ela estava dentro dos planos de Deus.
Sarai quis incluir uma terceira pessoa dentro do plano de Deus para Abrão e ela, mas Deus tinha outros planos para Hagar. Eram promessas semelhantes, porém distintas. E ali, no meio do deserto, Deus dá uma promessa a uma mulher grávida e desesperada.
São nos piores momentos de nossas vidas que estamos mais sensíveis à voz do Senhor. Portanto, se você se encontra em meio ao deserto árido da vida, esteja atento ao que Deus está falando. Obedeça-o ao ponto de ter que fazer o impossível, pois, no tempo certo Deus cumprirá Suas promessas.
Tudo no plano de Deus tem um tempo, e não era o tempo de Hagar sair da casa de Abrão. Por isso, o Anjo a mandou de volta. Não há dúvida que Hagar ainda iria sofrer nas mãos de Sarai, contudo, ela voltava fortalecida com a promessa de Deus para a sua vida.
Até então ela não tinha esperança, ela não tinha futuro, ela era apenas uma barriga ambulante sem vontade própria. Contudo, ao se encontrar com Deus, Hagar voltou com uma porção da graça de Deus para o local do seu sofrimento, a casa de sua patroa.
Você pode até se questionar se a atitude do Anjo de Deus foi a mais correta com relação a Hagar. Você pode está perguntando agora: O melhor a fazer era mandar ela de volta para sua raivosa e amargurada patroa? Contudo, na perspectiva divina, Deus estava protegendo Hagar da morte. O que seria melhor, permanecer no deserto sem a presença de Deus ou voltar para a casa de Abrão sabendo que Deus estava com ela? Deserto sem Deus é morte certa, e por pior que fosse a sua vida na casa de Sarai, ela sabia que Deus estava com ela. Deus havia dado uma promessa a Hagar e nada e nem ninguém haviam de tirar esta promessa dela.
Como Dr. Garland diz em seu livro “Famílias imperfeitas da Bíblia (Flawed Families of the Bible, 2007, 35)” “A graça de Deus nos dá força para passar pelas dificuldades e sobreviver, e nos faz confiar o nosso futuro nas mãos de Deus.”
Assim Hagar volta para a casa de seus patrões. Talvez bastante humilhada, mas com o coração feliz de que O Senhor não a havia esquecido. Quando Abrão estava com 86 anos, Hagar deu a ele seu primeiro filho, Ismael, que significa Deus escuta.
Vários anos se passaram e chegamos neste capítulo onde a história se repete. Aqui, contudo Deus já havia ratificado a promessa que Ele tinha feito a Abrão ao ponto de mudar seu nome para Abraão (pai de muitas nações) e já havia incluído Sarai na promessa mudando seu nome para Sara (princesa). E Hagar por não fazer parte da promessa de Deus para Abraão, continuou Hagar.
Sara viu o que o jovem Ismael estava fazendo e mais uma vez foi até seu marido Abraão e pediu que ele expulsasse Ismael e a escrava do acampamento. Havia em Sara, sem a menor dúvida, medo e ciúmes, dois sentimentos que quando se juntam fazem um grande estrago na vida tanto dos que os possuem quanto na vida daqueles que as cercam.
Nesta hora, a festa acabou para Abraão. Não por causa de Hagar, mas principalmente pela dor de ter que expulsar seu filho Ismael. Abraão sabia que este dia chegaria mais cedo ou mais tarde, mas não achava que seria em meio a um momento de tanta alegria, logo no dia em que Isaque estava sendo desmamado.
Tudo isso era parte do plano de Deus e era preciso a separação. Abraão já estava muito apegado a Ismael e agora Isaque iria deixar as barras da mãe e iria andar mais com seu pai. Deus queria gerar um amor e intimidade maior entre Abraão e o seu verdadeiro herdeiro e para isso era preciso que o filho maior se afastasse para sempre.
Por isso Deus visita Abraão naquela noite e o consola mesmo mandando que ele cumpra a vontade de sua esposa Sara. Abraão ficou mais tranquilo quando o próprio Deus o certificou que Ismael não iria morrer, e que em Ismael Deus também cumpriria uma promessa.
A essa altura a confiança de Abraão em Deus era inabalável e se Ele prometera, Ele cumpriria. Por isso, na manhã seguinte, ainda com os restos da festa do dia anterior espalhados por todos os lados, Abraão pegou toda a provisão de comida e água que Hagar poderia carregar e a entregou. Ele mesmo fez questão de colocar em seus ombros e ali mesmo a despediu junto com Ismael.
Contudo, Deus estava com Ismael. E ainda que este não soubesse, Deus já estava preparando todas as coisas para cumprir Suas promessas na sua vida.
Eu não sei com quem você se identifica nesta história. Com Sara (a matriarca poderosa que com ciúmes manda expulsar aqueles que ameaçam a herança de seu filho), com Abraão (o grande patriarca que ama seu filho maior, mas que acima de tudo ama a Deus ao ponto de obedecê-lo mesmo quando Ele autoriza a separação perpétua do seu filho), com Hagar (a mulher objeto que por diversas circunstâncias da vida viveu uma vida de muita humilhação, mas que sabia que Deus a amava e que viveria para ver a promessa de Deus cumprida em seu filho) ou com Ismael (o primogênito de Abraão, mas que não teve as regalias de ter nascido primeiro e foi mandado embora de sua casa para que no deserto Deus cumprisse a promessa feita a ele mesmo antes dele nascer.)? Com quem você se identifica?
A mensagem de hoje é para todos que se identificam de uma forma ou de outra com Ismael, o símbolo do abandono mais acima de tudo o símbolo da esperança. Ao mesmo tempo em que Ismael simboliza o abandono, ele simboliza também a esperança de que no tempo devido Deus cumprirá as Suas promessas.
E a pergunta que eu faço é: Porque Ismael simboliza também a esperança? A resposta está no versículo 20 deste capítulo 21 “Deus estava com o menino”. É importante notar que Deus não veio apenas agora estar com o menino. Ele sempre esteve com o menino, mesmo antes de o menino nascer. Assim também é conosco. Nos momentos mais difíceis de nossas vidas, Deus está conosco!
E são exatamente nestes momentos mais escuros que devemos confiar e saber que Deus está conosco. Assim também foi com Ismael, veja:
1) Deus estava com Ismael quando ele foi expulso de sua comunidade pelo seu próprio pai (vs 13-14)
“Mas também do filho da escrava farei um povo; pois ele é seu descendente. Na manhã seguinte, Abraão pegou alguns pães e uma vasilha de couro cheia d’água, entregou-os a Hagar e, tendo-os colocado nos ombros dela, despediu-a com o menino.”
A Bíblia não fala o que Ismael achou de tudo aquilo. Talvez ele não entendesse o porquê de uma brincadeirinha simples entre irmãos resultasse em tamanho desastre. Talvez ele estivesse constantemente pensando, “o que foi que eu fiz dessa vez para merecer ser expulso da minha própria casa pelo meu pai?” A verdade é que ele não fez nada, apenas ele não pertencia àquele lugar. Havia chegado a hora de partir. E como partir sem ser mandado embora? Não tem como! Abraão para seguir fiel às promessas de Deus para sua vida precisou tomar atitudes difíceis. E uma delas, com certeza, foi mandar seu primogênito partir de vez. Foi expulsá-lo do convívio familiar.
Mas na cabeça do jovem Ismael as coisas não funcionavam assim. A vida não funciona assim. Talvez para Abraão as coisas fizessem bastante sentido, pois ele já era um homem experimentado, maduro, vivenciado, contudo, Ismael era apenas um adolescente sendo expulso de sua própria casa por seu próprio pai e o pior, sem razão aparente.
Não é a toa que a Bíblia diz que ele seria como um “jumento selvagem e que sua mão seria contra todos e a mão de todos seria contra ele e ele viveria em hostilidade contra todos os seus irmãos.”
Até então, a promessa de Deus era clara para Abraão e Sara e meio turva para Hagar. Contudo, Ismael estava alheio a essas promessas. Para ele tudo aquilo não era parte de um plano divino, mas de uma vingança de uma madrasta raivosa e ciumenta que havia feito a cabeça de seu pai contra ele e sua mãe Hagar.
Mas ainda que o jovem não soubesse, Deus estava por trás de tudo. Deus nunca o havia abandonado, Deus nunca o havia humilhado, Deus nunca o havia deixado a esmo. Muito pelo contrário, Deus estava preparando todas as coisas nos bastidores. Havia mais sofrimento por vir, contudo havia muitas promessas para serem cumpridas também. Ismael talvez não enxergasse isso agora, contudo, o tempo de Deus para transformar choro em alegria estava se aproximando e Deus, tão certo como o ar que respiramos, iria mudar a sorte de Ismael.
Infelizmente vivemos dias terríveis:
· A sociedade está cada vez mais secularizada;
· A família está cada vez mais pulverizada;
· Os casamentos estão cada vez mais descartáveis;
· Os valores cada vez mais destituídos de valores eternos;
· A pessoa está cada vez mais individualizada;
· E o amor cada vez mais congelado.
E estas mazelas com certeza deságuam dentro da igreja. E é importante que isto aconteça, pois Jesus veio para os doentes e não para os sãos. Queremos que todos aqueles atingidos pela banalização do próximo e da vida venham beber da água da vida e venham receber o amor do Pai em Jesus Cristo.
Queremos que todos escutem a mensagem salvadora e restauradora de Jesus, queremos que todos ouçam o Evangelho e se arrependam de seus maus caminhos e deixem aos pés da cruz de Cristo toda ferida na alma causada por algum abandono, por algum desprezo.
Saiba meu irmão e minha irmã, que não importa quem um dia abandonou você, Deus nunca o abandona. Não importa se você conhece o seu pai ou não, se você foi bem ou mal tratado por ele, saiba que Deus nunca o abandonou e nunca o abandonará, saiba que ele tem para ti um plano e uma promessa e que você é amado dEle. O Senhor ama e nunca abandona Seus filhos!
Ismael parte do acampamento junto com sua mãe em direção ao deserto de Barseba. No deserto, Ismael e sua mãe ficam vagando, pois, eles não tem para onde ir. Com o calor escaldante do deserto, todo o suprimento de água logo se acaba e o risco de morte cresceu consideravelmente. Levando em consideração que só podemos passar sem beber água entre 3 a 4 dias e que eles teriam provavelmente estoque de água para uns 2 a 3 dias, portanto, já fazia mais de uma semana que Ismael e Hagar estavam vagando pelo deserto.
A situação foi complicando ainda mais quando Ismael por conta da desidratação foi perdendo a força cada vez mais a ponto de se tornar um peso para a mãe que não conseguia carrega-lo. Ela conseguiu ver um arbusto que fazia uma pequena sombra e levou o seu filho até lá. A situação estava cada vez pior, pois Hagar chorava compulsivamente ao ver a situação de seu filho morrendo em seus braços.
Foi então que ela decidiu fazer algo muito duro, abandonar Ismael.
Ismael estava desidratado ao ponto de não ter mais forças para caminhar. Sua mãe não aguentava vê-lo naquele estado de morte e fez algo insano, abandonar o próprio filho para não vê-lo morrer.
Todavia, Deus não apenas estava com Ismael quando ele foi expulso pelo pai, mas também:
2) Deus estava com o Ismael quando ele foi abandonado por sua mãe para morrer debaixo de um arbusto (17-18)
“Deus ouviu o choro do menino, e o anjo de Deus, do céu, chamou Hagar e lhe disse: ‘O que a aflige, Hagar? Não tenha medo; Deus ouviu o menino chorar, lá onde você o deixou. 18 Levante o menino e tome-o pela mão, porque dele farei um grande povo.”
Ismael agora experimentava o gosto amargo do abandono completo. Ele foi expulso por seu pai e foi abandonado para morrer debaixo de um arbusto por sua mãe. Claro que tanto seu pai quanto sua mãe o amava, mas era preciso que ele se sentisse abandonado por todos para saber que quando tudo e todos falham Deus nunca falha.
Ismael chora amargamente por ter sido abandonado por sua mãe e Deus ouve o seu choro. Se Ismael dependesse de homens neste momento para não morrer, ele morreria. Ismael estava solitário no deserto. A sua mãe já o havia abandonado, ele já estava sem forças para caminhar. Seu choro era mais interno do que externo. Não havia casas por perto, não havia hospitais, não havia ambulância. Mais uma vez, foi neste quadro de total desolação pessoal, que o Senhor ouviu o choro de Ismael.
Mesmo que saísse apenas grunhidos de dor de seu corpo, diante do Deus todo poderoso, o choro do menino era como se fosse um sino batendo em pleno meio dia. O Senhor ouviu o choro do menino e agiu em favor dele.
Talvez você esteja se perguntando se Deus ouve o seu choro. Talvez você esteja se perguntando se Ele se importa com o seu sofrimento. Talvez você ache que as suas lágrimas estão sendo derramadas em vão. Mas saiba que assim como Deus ouviu a Ismael, o filho abandonado, Deus também te ouve. Assim como Deus fez promessas a Ismael, Deus também te faz promessas. Temos várias promessas na Bíblia para nós, promessas de salvação, promessas de provisão, promessas de paz e vida abundante. Não deixe que suas lágrimas ofusquem as promessas de Deus para você. Chorar é importante, pois lava a nossa alma, mas permanecer chorando nos empata de ver as promessas de Deus.
E foi por causa da promessa de Deus para com Ismael que o Anjo do Deus veio até Hagar para consolá-la e motivá-la a não desistir.
Ao mesmo tempo em que Ismael chorava em um lado do deserto Hagar também chorava no outro. O anjo de Deus desce até esta mãe desesperada e com medo e a consola. Agora o plano de Deus na vida de Ismael dependia de Hagar. Hagar viu novamente um propósito para sua vida e viu como o seu filho dependia dela naquele momento tão crítico para ele.
Nesta hora Deus abre os olhos de Hagar e ela pode ver uma fonte de água. Ela enche seus reservatórios com água e leva até o jovem debaixo do arbusto. Ela o reidrata e o livra do risco da morte.
Deus estava com Ismael porque foi Ele quem salvou Ismael. Foi Deus que veio ao encontro de Hagar e a convenceu de voltar. Foi Deus que mostrou a fonte de água para reabastecer seus reservatórios.
Por maior que seja o amor de uma mãe por seu filho, este ainda é pequeno quando comparado ao amor de Deus.
Salmos 27:10 diz “ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá”.
Ultimamente temos visto várias mães abandonando seus filhos em latas de lixo, em rios, em ruas, etc. A mãe pode até nos abandonar, mas Deus nunca nos abandona.
Talvez o abandono que você tenha sofrido não foi físico, mas emocional, saiba que Deus quer curar tuas emoções.
Talvez você esteja se sentindo abandonada pelas pessoas que você mais ama, ou talvez você esteja irada com as pessoas que mais te amam, uma coisa ou outra, se entregue a Jesus. Deixe-O abrir seus olhos para você vê-lo mais nitidamente. Ele é a fonte inesgotável de águas vivas. Só Ele pode saciar a tua sede, só Ele pode dar o verdadeiro sentido para tua vida, só Ele pode te acompanhar e te amar em todos os momentos de sua vida. Foi Deus quem salvou Ismael da morte e Ele quer te salvar da morte eterna também. Assim como Deus estava com Ismael Ele quer está para sempre contigo também.
E por fim, Deus não só estava com Ismael quando ele foi expulso pelo seu pai e abandonado pela sua mãe, mas...
3) Deus estava com o Ismael garantindo o cumprimento da promessa (vs 20-21)
“Deus estava com o menino. Ele cresceu, viveu no deserto e tornou-se flecheiro. Vivia no deserto de Parã, e sua mãe conseguiu-lhe uma mulher da terra do Egito.”
Deus salvou Ismael porque Ele havia prometido a Abraão que dele também faria uma grande nação. E por mais difícil que foi este momento de separação de Ismael e sua mãe de Abraão e Sara Deus preservou o jovem para cumprir nele Suas promessas.
Deus proveu para ele e sua mãe o pão de cada dia. Ele se tornou um flecheiro. A cultura deles mandava que uma vez que o filho não mais tivesse um pai, a mãe buscava de sua família uma esposa para ele mesmo este tendo pouca idade. Ele passou a viver no deserto de Parã que hoje é a Arábia e se tornou o pai de todo o mundo árabe.
Em Genesis 25 a partir do versículo 8 relata a morte de Abraão e vemos Ismael junto com seu irmão mais novo enterrando o pai. Logo em seguida, o texto sagrado narra a descendência de Ismael mostrando assim o cumprimento das promessas de Deus para ele.
O versículo 16 diz, “foram esses os 12 filhos de Ismael, que se tornaram os líderes de suas tribos, os seus povoados e acampamentos receberam os seus nomes.” Versículo 17 “Ismael viveu 137 anos. Morreu e foi reunido aos seus antepassados.”
Mesmo morrendo relativamente cedo (Abraão morreu com 175 e Isaque com 180) Ismael antes de morrer ainda deu uma de suas filhas em casamento a Esaú, seu sobrinho (Gn 28:9).
Deus estava com Ismael e todas as suas promessas foram cumpridas.
O caminho para o cumprimento das promessas de Deus pertence a Ele. A nossa tarefa é confiar nas promessas de Deus e no Deus de todas as promessas.
Para Ismael chegar à plenitude da promessa que Deus tinha para ele, ele precisou ser expulso para sempre de sua casa por seu pai, ele precisou ser abandonado por sua mãe que só voltou porque Deus mandou que ela voltasse para depois chegar a alcançar a promessa. Todavia, em nenhum momento Deus o largou, em nenhum momento Deus o abandonou, em nenhum momento Deus o entregou à própria sorte, em nenhum momento Deus o desamparou.
Assim também é na vida daqueles que creem em Cristo.
Há mais de 2000 anos um menino nasceu em Belém e o seu nome é Emanuel – Deus conosco.
Em Mateus 28 Jesus promete está conosco até o fim dos tempos.
Ao apóstolo Paulo através de uma visão Jesus disse, “Não tenha medo, continue falando, e não fique calado, pois estou com você e ninguém vai lhe fazer mal.”
Você sabe por que todas as promessas de Deus irão se cumprir na minha vida e na sua? Porque o Deus que fez as promessas é fiel para cumpri-las independente de nós.