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Wednesday, June 29, 2011

O que o futuro nos aguarda?

(Escrevi este texto em 2008 e acho que ele é bastante relevante a todos nós que entregamos nossas vidas nas mãos de Deus e que deixamos que Ele nos dê as orientações necessárias acerca das decisões sobre o futuro e os planos dEle para nós.)



Este é meu último semestre de seminário. Só Deus sabe como estou feliz por estar terminando mais uma etapa da minha vida. Em dezembro eu completo 5 anos vivendo aqui nos EUA. Amo viver aqui e me sinto bastante adaptado à cultura local. Contudo, a cada dia que passa vejo que menos sei sobre o que o futuro me reserva. Não que eu já não tenha feito os meus planos junto com Adriana e já não saiba quais passos terei que dar para chegar onde pretendo ir, não é isto. A incerteza acerca do futuro existe porque ainda que Deus leve em conta os meus planos, Ele não está preso a eles. Como a Bíblia diz, "os planos dEle são maiores que os meus" (paráfrase minha)

Seria muito fácil pegar uma caneta e um papel (ou ligar o computador) e escrever (ou digitar) o planejamento para o próximo semestre, próximo ano ou ainda elaborar o meu pretenso futuro para os próximos 5 anos. O que de fato eu já fiz! Porém, ainda que eu saiba onde eu quero estar daqui há 5 anos, se eu sou aberto o suficiente para a voz de Deus e sensível ao Seu Espírito, eu preciso reconhecer que existe um elemento misterioso acerca do que o futuro aguarda para cada um de nós.

Quantas pessoas não tiveram suas vidas completamente mudadas após terem tido um encontro genuíno com Deus? Ou quantas pessoas que já conheciam ao Senhor tiveram suas vidas mudadas quando Deus os comissionou para um chamado específico?

Eu tive. Abraão teve. Moisés teve. Jó teve. Os profetas tiveram. Todos os apóstolos tiveram. Paulo teve. Santo Agostinho teve. Lutero teve. E com certeza centenas de milhares de cristãos anônimos espalhados pelo nosso planeta também tiveram.

Todos os que eu citei acima que tem suas vidas registradas nas páginas da Bíblia e nos livros de História (tanto da igreja quanto geral) tiveram suas vidas radicalmente mudadas após um encontro “tete-a-tete” com o Senhor da História. Deus não somente se fez conhecido entre alguns destes que não O conhecia, como também deu uma missão especial para outros que já O conhecia. E é disso que estou falando aqui. Estou falando de “turning points” da nossa existência. Estou falando de momentos ao qual Deus nos leva para outro estágio, outro nível do plano dEle para nós. São estes “turning points” que realmente requer de nossa parte uma maior sensibilidade à voz do Espírito e obediência para sairmos da nossa zona de conforto.

Jesus teve estes “turning points” em sua vida. Não posso dizer quantos Ele teve, pois, a Bíblia não é exaustiva com relação à vida de Jesus. Porém, posso dizer com confiança que Ele teve alguns dos 30 anos em diante. A Bíblia diz que aos 12 anos, Jesus é encontrado por seus pais conversando e questionando os mestres nas sinagogas judaicas. Jesus ainda pré-adolescente já demonstrava sabedoria divina diante dos homens. Bíblia nos diz que após este evento, Jesus cresceu em estatura, em sabedoria, e em graça diante de Deus e dos homens. Quando, porém, Jesus completa 30 anos Ele passa por dois momentos importantíssimos (turning points) da Sua vida e ministério. Primeiro o Seu batismo e segundo a Sua leitura do pergaminho de Isaías na sinagoga em um sábado, entre os judeus.

A importância do Batismo se dá pela inauguração do ministério público de Jesus na terra. Jesus sabia que a partir daquele momento não haveria mais volta. Jesus sabia que tudo que Ele havia passado até então não se compararia com o que haveria de vir no futuro próximo. Jesus sabia que se até aquele dia Ele teve algum conforto morando na casa dos pais, trabalhando como marcineiro e economizando uma graninha, a partir daquele momento, Ele estaria por conta própria vivendo completamente na dependência de Deus.

O segundo evento (turning point) que impulsionou mais ainda o ministério de Jesus foi a leitura de um pequeno trecho do livro de Isaías na sinagoga. O texto que Jesus leu se encontra em Isaías 61:1-2 e é repetido por Jesus em Lucas 4:17-21 que diz:

17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
20 E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.

Este evento acontece logo após Jesus ter tido um confronto com Satanás no deserto. Ele volta para sua cidade para dar continuidade ao seu ministério, entra na sinagoga e com muita coragem confronta e se defronta com a ira dos religiosos. Os religiosos que por um lado clamavam ser pertencentes e conhecedores de Deus, eram capazes de apedrejar “hereges” até a morte e para muitos deles Jesus parecia se enquadrar nesta categoria . A narrativa bíblica no evangelho de Lucas prossegue e realça a ira dos fariseus e demais judeus contra Jesus.

28 Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira.
29 e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o precipitarem.

Claro que para cada pessoa os momentos de “turning points” são diferentes. Ou ainda, mesmo que estes momentos sejam esperados, eles não são previsíveis. Jesus sabia o que iria passar, mas Ele viveu cada minuto como se Ele não soubesse (vide seu exemplo quando ele choro na ocasião da morte de Lázaro). Nós podemos até estar esperando por algum chamado especial, contudo, dificilmente saberemos quando a promessa irá se cumprir  (como aconteceu com Abraão). Um grande exemplo na história da igreja em que vemos claramente Deus mudando o rumo da existência de alguém, pode ser encontrado em Martinho Lutero. Lutero nunca imaginou tornar-se quem ele acabou se tornando. Lutero primeiro se matriculou em Direito para satisfazer a vontade de seus pais, depois se tornou monge da Igreja Católica por medo de um relâmpago, para depois torna-se o grande reformador da história da igreja (pela vontade soberana de Deus). Cada “turning point” na vida de Lutero foi dirigido primeiro por Deus e segundo por uma convicção pessoal interna de que ele estava fazendo a coisa certa em obediência à Deus e à sua consciência.  Contudo, cada passo que Lutero deu, seja na sua educação ou em sua vida como monge, foi planejado por Deus para o chamado específico que depois foi revelado ao próprio Lutero.  A verdade é que ninguém (além de Jesus) sabe claramente os porquês dos caminhos que Deus nos faz passar.  O importante contudo é saber que Aquele que chama e que capacita é digno de toda a confiança.  O importante é viver o momento da caminhada sempre aberto e sensível à voz do Senhor.  O importante é se apegar firme naquilo que se crer como sendo a verdade absoluta de Deus e buscar viver por ela com a consciência limpa e o coração pacificado.  Este é o nosso dever como cristãos.  Se assim andamos e vivemos, Deus vai nos guiando para cumprir o nosso chamado (destino, missão, como queira chamar) aqui na terra.   

Não sabemos quando os “turning points” da nossa vida virão ou mesmo se virão algum dia. Contudo, Deus segura a nossa história em Suas mãos não importando o quanto nós já tenhamos feito os nossos planos ou arquitetado o nosso futuro. No final é Deus quem decide!

“Nós podemos fazer os nossos próprios planos, mas o resultado final está nas mãos de Deus.” (Provérbios 16:1)

Rodrigo Serrao