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Monday, November 08, 2010

Buscando a Paz de Deus Através dos Nossos Relacionamentos





Série: O Mistério da Igreja
Sermão: Efésios 5:22 – 6:9
Pregador: Pr. Rodrigo Serrão
Pregado em 07/11/2010 na sede do CEDIN

Introdução:
QUEM NÃO DESEJA PAZ?
Estamos na reta final deste tão importante livro da Bíblia.  O livro de Efésios fala sobre a nova sociedade de Deus, ou seja, uma sociedade formada de pessoas redimidas no sangue de Jesus.  Paulo falou nos primeiros capítulos de como a igreja foi salva e agora ele está falando a respeito do modo de vida que esta igreja deve viver.  Como eu já disse aqui antes, a carta aos Efésios começa nas regiões celestiais, mas acaba dentro de nossas casas.  
Paulo tem alicerçado os seus argumentos até aqui em duas grandes bases, a unidade e pureza.  Vimos isso desde o início da carta.  Aqui não é diferente.  Paulo vai falar dos deveres domésticos tendo a unidade e a pureza em sua mente. 
Além disto, ele vem de um longo parágrafo acerca da vida em comunidade.  Ele diz que devemos falar uns com os outros com salmos, hinos e cânticos espirituais.  Diz também que devemos ser cheios do Espírito.  É a partir deste contexto que encontramos o nosso texto.  Para Paulo, não adianta vivermos em paz em comunidade se não vivermos em paz na família.  A verdade é que a paz família deve ser a base para a nossa paz em comunidade.
A pergunta que eu quero que você responda é: Eu tenho paz na minha família?  Ou, há paz em minha casa?
A resposta para esta pergunta é muito importante.  Pois, a partir da paz dentro de casa, podemos garantir que haja um processo de expansão desta paz para outras áreas de nossas vidas.  Ou o contrário, as vezes há paz em casa e não há paz fora, quando isto acontece olhamos para nosso lar como um porto seguro, como um lugar onde seremos abençoados, agraciados, onde o refrigério de Deus será manifesto através do lar, da família abençoada.  Deus muitas vezes usa um lar abençoado para ministrar refrigério e paz àqueles que estão atribulados e são perseguidos em seus trabalhos, etc. 
Por isso pergunto novamente: Você encontra paz em sua casa, em seu lar?   

O texto que acabamos de ler nos mostra as relações familiares e de trabalho que deve haver entre maridos e esposas, pais e filhos, chefes e subordinados.  Estas relações por serem bastante naturais fazem com que não pensemos no poder que elas têm de garantir a paz ou a guerra dentro dos nossos lares.  Não há como evitar estes relacionamentos, pois, os solteiros não escapam de terem pais.  E ainda aqueles que não têm cônjuges e não são pais ou não tem mais pais, não escapam de terem chefes ou patrões.  Ou seja, de uma forma ou de outra, você se coloca em alguma posição dentro destes três tipos de relacionamentos que Paulo menciona aqui. 
A ênfase de Paulo é no relacionamento saudável.  E relacionamento saudável é igual a paz para as nossas vidas.
Qual o ensinamento que o texto nos dá que trará paz para nossos relacionamentos?
Este é um sermão de um ponto e vários subpontos.
1)      Que cumpramos o nosso dever dentro do relacionamento
Ao falarmos sobre deveres estabelecidos por Deus aos homens e mulheres dentro do lar, aos pais e filhos e aos senhores e servos (trabalhadores e patrões) não podemos esquecer duas coisas: 
1)      Que existe uma sujeição mútua já estabelecida por Deus dentro da igreja do Senhor Jesus (Ef. 5:21);
2)      Que não há distinção entre homem e mulher, livre ou escravo, judeu ou gentio diante de Deus (Gl. 3:28)

Portanto, ainda que preguemos e ensinemos diferentes papéis ou deveres dentro dos nossos relacionamentos familiares, devemos ao mesmo tempo rejeitar qualquer tipo de ensino contrário à igualdade entre os sexos e as pessoas (independente de raça, credo religioso, etc).   Somos todos iguais diante de Deus.  Esta é a frase que deve estar em nossa mente durante todo o tempo que eu estiver falando aqui.
O que difere, contudo é o nosso papel diante de Deus para com a pessoa que nos relacionamos. 
Isto é tão verdadeiro que podemos dizer que uma pessoa é ao mesmo tempo, marido ou esposa, pai ou mãe, filho ou filha, e patrão ou empregado.  Ou seja, a mesma pessoa igual a todas as demais exerce vários papéis estabelecidos por Deus.
Estes papéis são adquiridos por nós à medida que vamos crescendo e estabelecendo relacionamentos com a sociedade em nossa volta. 

Para cada tipo de relacionamento, Deus estabeleceu um comportamento.  Eu não posso agir com minha esposa da forma como eu ajo com um filho, pois, o mandamento de amar como Cristo amou a igreja é para a relação marido/esposa e não ao pai/filho.  Nem posso querer que minha esposa aja comigo como o meu filho deve agir, pois ao filho a ordem é para obedecer à esposa para se submeter e estas duas coisas são diferentes. 

Portanto, eu devo ser o cabeça da minha casa, amar a minha esposa sacrificialmente, obedecer a meus pais, quando tiver filhos exigir obediência e não provocar-lhes a ira, devo também obedecer aos meus chefes e se um dia for chefe tratar os subordinados de forma justa, da maneira que quero ser tratado.  TUDO ISTO AO MESMO TEMPO.

Eu e você somos seres complexos e temos vários níveis de relacionamentos e para cada um de nossos relacionamentos devemos exercer os papéis ao qual Deus determinou.  Se eu e você agirmos assim teremos paz.

Tendo dito isto, quero olhar para o relacionamento entre marido e mulher de forma mais profunda e passar mais superficialmente pelos outros dois tipos de relacionamentos mencionados por Paulo.

Já que todos nós temos papéis diferentes dentro dos relacionamentos, quais são os papéis que devemos exercer dentro de um casamento?

Comecemos com as mulheres.  O texto diz, Ef. 5:22-24.
  1. Mulheres sujeitem-se cada uma a seu marido, como ao Senhor.
Se quisermos entender esta frase, é importante que nos abstenhamos de qualquer preconceito machista ou feminista.  Quando ouvimos acerca da sujeição da esposa ao seu marido, muitas pessoas acham que isto é antiquado e que já não devemos encorajar este tipo de comportamento nos lares.  Contudo, parece que muita ênfase foi dada a questão de submissão da esposa e se esqueceram de olhar para o papel masculino da relação.  Contudo, uma coisa está ligada a outra e ambas as coisas ligadas a Cristo. 

Perceba que todo o argumento de Paulo tem a ver com o nosso relacionamento com Jesus e de Jesus conosco (a igreja).  Ele não está pedindo nada que Ele mesmo não tenha feito.  E a grande razão da mulher ser submissa é porque a igreja é submissa. 

Tudo isto fica mais fácil de entender quando olhamos para o casamento e pensamos primeiramente no ato da criação quando Deus criou o homem e a mulher e depois no ato da redenção e o relacionamento de Cristo e Sua igreja. 

Deus no momento da criação primeiro criou o homem e por isso deu a ele o domínio da criação.  Contudo, viu Deus que não era bom para o homem viver só.  Ou seja, para completar o homem Deus cria a mulher do próprio homem.  A mulher então vem ao mundo em um processo seguinte ao do homem.  Portanto, primeiro Deus cria o homem do pó da terra, e depois cria a mulher da costela do homem.  Aqui podemos ver que existe uma leve superioridade inerente ao homem, pois foi dele que veio a mulher.  Para terminar com essa superioridade, Deus faz com que a partir do relacionamento sexual do homem e da mulher, toda a humanidade seja gerada dentro da mulher e saia dela, igualando a mulher ao homem.  Nisto temos a igualdade do homem e da mulher e a liderança do homem por ter sido feito primeiro. 

O segundo prisma pelo qual devemos entender a submissão da mulher ao homem é através do paralelo da redenção.  Entendemos que Cristo ao morrer e ressuscitar se tornou o cabeça da igreja e a igreja se tornou a noiva de Cristo.  Estas duas nomenclaturas (cabeça e noiva) demonstram o amor que há entre Cristo e aqueles que são salvos por Ele.  Não há como imaginar um Jesus salvador que não ame a igreja e uma igreja resgatada, lavada, pura e santa sem ser submissa a Jesus.  Por isso, Jesus como cabeça demonstra a sua liderança e a igreja como noiva demonstra a sua submissão. 

É por isso que a esposa deve ser submissa ao marido, pois o homem foi feito primeiro que ela tendo liderança sobre ela e assim como Cristo se tornou o cabeça da igreja, o homem se tornou o cabeça da mulher.   
Contudo, não se esqueçam, Paulo está estabelecendo o papel do marido e da esposa.  A mulher não precisa ser submissa a qualquer homem, mas somente ao seu marido. 

Todo o conceito de relacionamento entre marido e mulher tem aqui um paralelo entre Jesus e a Sua igreja.  Por isso que não temos problemas de pensar acerca da submissão da igreja a Jesus.  Por que Jesus é um excelente noivo.  Jesus é um excelente líder.  Jesus não explora, não maltrata, não abusa, não age em desamor.  Por Jesus ser perfeito, a submissão da igreja é alegre e natural.

Esse é o papel da mulher.   Ser submissa ao marido.

Agora vamos aos maridos onde eu estou incluso. 
  1. Maridos amem as suas esposas.  Como a Cristo. Leiamos Efésios 5:25-33.
Veja que o argumento de Paulo para os maridos é bem mais longo do que para as mulheres.  Ou seja, temos uma grande obrigação a cumprir como maridos. 
A palavra chave aqui para os maridos é Amor.  E não podia ser diferente, se no relacionamento matrimonial faz paralelo do relacionamento entre Jesus e a Igreja, se amor não estivesse presente algo estaria errado.  Portanto, se a mulher é comparada à Igreja e por isso precisa ser submissa, o homem é comparado a Jesus e por isso precisa amar.  E não apenas amar um amor comum, mas amar um amor sacrificial. 

Este amor ao qual Paulo manda que os maridos imitem parte da perfeição de Deus em Jesus e da obra feita por Jesus na igreja.  Perceba que o amor de Cristo pela igreja transformou-a ao ponto dela se tornar santa, pura, gloriosa, sem mancha, sem ruga, santa e inculpável. 

Perceba aqui que todo este processo de embelezamento da igreja não partiu dela mesma, mas partiu do amor sacrificial de Cristo por ela.  Claro que este processo só estará completo na glória, quando a igreja de fato será 100% santa e não viverá mais nesta terra, mas terá ido viver eternamente com seu noivo.  Contudo, a analogia é perfeita ao mostrar que quanto mais o marido ama a esposa e quanto mais a esposa se sente amada, mais perfeita se torna a relação e mais submissa se torna a esposa. 

Contudo, Paulo não termina por aí.  Depois de falar do amor perfeito que é o de Jesus pela igreja, ele desce um pouco para o amor-próprio que os homens devem ter por eles mesmos. 
O que Paulo está fazendo aqui é sendo realista com relação ao amor.  O amor de Jesus é de fato incompreensível.  A Bíblia diz que este amor excede a todo entendimento.  Paulo, no entanto, quer mostrar de forma prática o amor a que ele está se referindo.  Paulo não quer que nenhum marido depois venha com desculpas do tipo: “Eu não posso amar como Cristo amou, pois Ele é Deus e eu não sou.” “Ele é perfeito e eu não sou.”  Paulo então diz, “ame como você se ama”  Todos nós temos a noção do amor-próprio.  Eu me amo ao ponto de não querer sofrer.  Eu me amo ao ponto de não querer nada que me traga dor, choro, angustia.  Isto nos vem automaticamente.  É assim que Deus quer que você ame a sua esposa, sacrificialmente e de forma prática no dia-a-dia trazendo alegria e fazendo-a feliz. 

Paulo encerra esta parte dos papéis entre homem e mulher falando do mistério profundo disto tudo.  Ele já havia falado do mistério da unidade entre judeus e gentios, mostrando que em Cristo não havia mais diferença.  Agora, o mistério é com relação ao casamento que também simboliza a relação de união entre a igreja e Cristo.    
O que é mais sagrado do que isto? 
Entender que o nosso casamento é um símbolo da união de Cristo e a Sua igreja é algo que deve gerar reflexão acerca de como eu conduzo a minha vida conjugal.
O que é este amor que Paulo está falando?  Será que eu consigo olhar para minha mulher e dizer que eu morreria por ela? Ou olhar para ela e dizer que ela é uma extensão minha ao ponto de se ela sofrer eu também sofro?  É assim que somos mandados a amar as nossas esposas. 

A partir daí, amando desta forma, exercemos o nosso papel de maridos e a nossa liderança é nos dada e não precisamos impô-la.  A mulher exercerá seu papel de mulher e o homem seu papel de homem e ambos terão a paz que precisam para viver suas vidas.

Portanto, no momento em que um dos dois passa a exercer seu papel, é fundamental que o outro também o faça.  Se apenas uma das partes viver, encarnar seu papel, não haverá paz, mas quando os dois entendem e vivem, encarnam seus papéis, então a paz será parte da vida familiar.

Paulo continua falando dos papeis que devemos exercer dentro dos relacionamentos e o próximo é entre pais e filhos.
Aos filhos ele diz: Ef. 6:1-3.
  1. Filhos obedeçam a seus pais no Senhor
Aqui a instrução é clara. Querem ter paz com os pais?  Obedeçam-nos!
Um teólogo inglês chamado John Stott nos mostra aqui que Paulo dá dois motivos para a obediência dos filhos aos pais: a natureza e a lei.
a)      A natureza – Paulo diz, “filhos, obedecei a vossos pais... pois isto é justo.” Esta obediência está no âmbito do que a teologia chama de “justiça natural.” Em um bom português, significa que aquele que gera tem autoridade sobre aquele que é gerado. Isto é ou não justo?
b)      A lei – Paulo também diz, “Honra a teu pai e tua mãe – este é o primeiro mandamento com promessa – para que tudo te corra bem e que tenhas longa vida sobre a terra.” Aqui Paulo cita um dos dez mandamentos da lei de Moisés.  Quando honramos nossos pais, reconhecemos a autoridade dada por Deus a eles.

  1. Pais não irritem seus filhos. 
Os pais não escapam das instruções de Paulo.  Para que a paz seja completa entre pais e filhos, não adianta apenas os filhos obedecerem, é preciso que os pais não irritem seus filhos.  Nunca pensamos que um pai pode irritar um filho, mas isto acontece sempre.  Por exemplo:
  • Pais que ficam zombando de alguma característica engraçada do filho, pode ser um jeito, um gosto, etc.
  • Pais que ficam envergonhando os filhos em público.
  • Pais que cobram dos filhos, mas que não são exemplos naquilo que cobram.
  • Desrespeitando os filhos.

Como os pais podem evitar irritar seus filhos?
  • Criando em suas casas um ambiente onde haja graça, amor, respeito, suporte;
  • Sempre falando a verdade em amor;        
  • Atendendo as necessidades materiais e emocionais do filho;
  • Dando liberdade dentro dos limites impostos;
  • E nunca diminuindo, humilhando, machucando (tanto fisicamente como emocionalmente).

Por fim, aqueles que trabalham, trabalhem com toda a força e vigor, fazendo tudo como se estivesse fazendo ao Senhor.  Nunca pensem em seus empregos apenas com um mero trabalho, mas acima de tudo uma oportunidade para servir ao Senhor.  Sejam exemplos em seus empregos, glorifiquem a Deus com seus talentos e nos seus empregos.  Deus nos recompensará além do mais isto evita conflitos e conseqüentemente traz paz.
E aqueles que são os empregadores, Paulo manda ser justo.  Não adianta eu querer ser superior a ninguém, pois diante de Deus somos todos iguais.  Se tivermos isto sempre em nossas mentes não traremos prejuízos a ninguém e estaremos honrando a Deus que nos colocou em posição de empregador.  
 Oremos.